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Scar Symmetry - "The Unseen Empire" Review

A mudança de vocalista numa banda é sempre um pau de dois bicos: ou é bem sucedida ou não é. Normalmente não costumam resultar muito bem, pois a marca deixada pelo anterior (tal como impressão digital da banda) é difícil de alterar. Alguns tentaram, com mais ou menos sorte: Sepultura, Cryptopsy e estes Scar Symmetry. Com a saída de Christian Älvestam (hoje nos Miseration e outras bandas) em 2008, por divergências musicais, os restantes membros da banda decidiram recrutar não um vocalista para esse posto vago, mas sim dois, algo não muito usual para quem pratica death metal sueco (vulgo Gothenburg metal), sendo essa uma prática mais usual para bandas como deathcore ou hardcore.

A estreia destes dois vocalistas, Robert "Robban" Karlsson (ex-Edge of Sanity, ex-Devian) e Lars Palmqvist aconteceu no disco anterior “Dark Matter Dimensions” de 2009, e logo aí a impressão geral que deixaram não foi assim muito positiva para a banda, quando se compara com a magnitude e importância do anterior Älvestam. A mistura em vocais “clean” e guturais não foi muito bem aceite e a qualidade geral da musica dos Scar Symmetry sofreu (bastante) com isso. “Dark Matter Dimensions” era um disco pobre que, tirando algumas malhas um pouco mais interessantes, o conjunto global dos onze temas deixava muito a desejar e previa-se um futuro um pouco ensombrado para a banda.

Agora em 2011, os Scar Symmetry lançam o seu 5.º álbum de originais e o resultado é francamente mais satisfatório que o disco de 2009. A dupla de vocalista mantêm-se, mas a banda parece ter encontrado um novo rumo, sendo que este “The Unseen Empire” é bastante mais bem conseguido que o seu antecessor. Este novo conjunto de nove temas mostram uns Scar Symmetry mais focados e certeiros, provando que o disco anterior poderá ter sido um pequeno erro de percurso. São nove temas muito variados, que balançam entre partes mais melódicas e outras mais agressivas, provando que a banda ainda consegue debitar temas fortes e consistentes e mesmo a dualidade vocal funciona melhor neste disco, ora alternando partes limpas com partes mais graves, mas injectando mais melodia e harmonia no resultado final dos temas.

O início do disco com o tema “The Anomaly” é um pouco desapontante, pois normalmente os temas de abertura tendem a ser mais fortes e “catchy”, uma forma de prender o ouvinte ao resto do disco. Quem não se aborrecer com este tema e tiver uma atitude “Vamos ver o que daqui vai sair” vai ficar bastante agradado com os dois temas seguintes, “Illuminoid Dream Sequence” e “Extinction Mantra”, onde a melodia muito própria do death metal sueco vem à tona, com um duplo ataque de guitarra e muita técnica nos solos, com alguns apontamentos de teclados, mas num resultado final muito interessante. Temos que concordar que um destes dois temas deveria ter sido escolhido para a abertura do disco. O tema seguinte, “Seers Of The Eschaton” é um pouco o seguimento do tema de abertura, mas entre partes mais calmas e harmoniosas, recupera um pouco aquele trajeito maquinal dos Scar Symmetry, algo que banda já nos tinha habituado em lançamentos anteriores. Os três temas seguintes do disco, “Domination Agenda”, “Astronomicon” e “Rise of the Reptilian Regime” são uma mistura dos quatro primeiros temas, sendo tudo muito semelhantes entre si, não trazendo nada de novo ao panorama geral do disco. É necessário chegar ao final do álbum para ouvirmos “The Draconian Arrival” e “Alpha and Omega” para nos entusiasmarmos novamente com este disco. O primeiro é bastante emotivo mas muito bem construído, com a parte vocal em bom plano, sendo o ultimo tema uma descarga agressiva (que falta que fez mais momentos assim neste album) de bom “Gothenburg” metal, rápido e incisivo.

“The Unseen Empire” é um disco que mostra uma banda a querer explorar outros caminhos para lá do seu som habitual, muitas vezes misturado com o metal mais tradicional e progressivo e alguns trejeitos mais “mainstream” na sua música, que poderão ser mal interpretados / mal compreendidos pelos seus seguidores. É certo que continuam a manter a veia mais agressiva, mas após a audição deste disco, vemos que essa componente se mostra um pouco diluída demais.

A questão que se coloca após este “The Unseen Empire” é saber se esta fórmula resulta. Só existe uma maneira de o saber e isso passa por deixar amadurecer esta nova fase dos Scar Symmetry. O futuro dirá se esta é a fórmula certa para esta banda.

Nota:
7.6/10

"The Unseen Empire" track list:

1. The Anomaly
2. Illuminoid Dream Sequence
3. Extinction Mantra
4. Seers of the Eschaton
5. Domination Agenda
6. Astronomicon
7. Rise of the Reptilian Regime
8. The Draconian Arrival
9. Alpha and Omega


Review por João Nascimento