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Metallica - "Beyond Magnetic" Review

Depois de todo o falatório sobre o “Lulu” (para quem já se esqueceu, o disco de colaboração entre os Metallica e Lou Reed) e depois de todas as críticas, opiniões, análises e demais controvérsias, voltamos a entrar no mundo natural da banda, que recentemente comemorou trinta anos de carreira. É uma marca invejável, se tivermos em conta o meio musical em que está inserida e, bem vistas as coisas, é muito louvável como um género como o metal tenha criado bandas que atinjam essa idade (assim de repente, podemos indicar os Iron Maiden, Judas Priest, Slayer, Megadeth, Anthrax, entre outros, só para citar as mais importantes, para além dos “pais” Black Sabbath).

Para comemorar este aniversário, a banda realizou quatro concertos (exclusivos para os membros do Metclub) na sala Fillmore, em São Francisco. Quatro concertos repletos de temas antigos e recentes, os habituais, pouco tocados, os clássicos, uma lista enorme de convidados especiais (Apocalyptica, Diamond Head, Mercyful Fate, Glen Danzig, Rob Halford, Ozzy Osbourne, entre outros), e antigos membros da banda (Jason Newsted, Dave Mustaine, Ron McGovney – o primeiro baixista - e Lloyd Grant, que tocou o solo de guitarra na primeira musica gravada pela banda em 1981) que ajudaram a relembrar toda a história de uma banda que, quer se queira quer não, continua a ser o expoente máximo do metal.

Nesses concertos, em cada uma das noites foi tocado um tema inédito, que sobrou das sessões de gravação de “Death Magnetic” de 2008. Quatro temas que prefazem cerca de 30 minutos de musica, muita na linha do que foi apresentado em “Death Magnetic”, mas mais directos e menos complexos. Embora sendo consideradas “sobras”, são de uma qualidade muito interessante, sendo que mesmo um ou dois destes temas de “Beyond Magnetic” poderiam perfeitamente substituir um ou dois temas em “Death Magnetic”.
Nota-se aqui uma maior simplicidade e mais to the bone nestes quatro temas, despidos de grande ousadia e onde a palavra de ordem é muito groove e peso. Percebe-se até certo ponto o porquê da não inclusão destes temas no disco principal: existe aqui uma maior aproximação, em termos de composição, a “St. Anger” e ao “Black Album” do que foi apresentado em “Death Magnetic”.

“Hate Train”, a faixa de abertura é bem explosivo, num registo em up-tempo, bons solos de guitarra e bastante garra. “Just a Bullet Away” continua pela mesma cadência, sendo um registo um pouco mais lento e com uma paragem pelo meio (a fazer lembrar a “Sad But True”), num riff muito interessante. De notar neste tema a parte vocal de Hetfield. “Hell and Back” é o melhor dos quatro temas, muito melódico, mas ao mesmo tempo, muito forte e agressivo. Mais uma vez se nota aqui um trabalho fantástico no ritmo e mesmo a bateria de Ulrich, muito criticada por ser banal, a mostrar algum destaque e um ataque bastante feroz. À semelhança de “Hate Train”, o tema apresenta algumas passagens mais calmas pelo meio, mas que em nada belisca a força o tema. A conclusão com “Rebel of Babylon” em nada altera a qualidade geral deste EP, sendo que este e talvez o tema mais fraco dos quatro.

De notar aqui a produção dos temas, pouco polida e demasiado agreste, um pouco semelhante a “St. Anger”. No entanto, forte o suficiente para estes serem apreciados e avaliados, uma vez que estes temas estavam em pré-produção.

Os Metallica já começaram a trabalhar num novo disco de originais.
Já sabemos que nunca irá ser um “Master of Puppets” parte 2. Pelas declarações de Ulrich e Hammett, serão temas mais curtos e simples, mas que serão mais pesados. Para aqueles que consideraram que “Death Magnetic” foi um semi-retorno às origens e tempos áureos da banda, e se juntarmos o trabalho apresentado neste EP, espera-se que seja um bom disco. No entanto, nestes trinta anos de carreira, a banda já apresentou ao mundo diversas surpresas (umas boas, outras más)... Ficamos a aguardar para que lado vai cair a bola na roleta.

Nota: 7.8 / 10

Review por João Nascimento