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Vertigo Steps – "Surface/Light" Review

Incrível quando por vezes uma simples introdução de um disco pode, de maneira determinante, definir o modo com que vamos encarar os minutos seguintes. Decididamente quanto ouvimos as notas melancólicas do piano que começa este Surface/Light dos Vertigo Steps, a sensação que dá é de que algo emocionalmente forte vem aí. O que não poderia estar mais perto da verdade. Ao terceiro disco a banda mostra-nos um trabalho de grande valor e dá um bom salto qualitativo relativo aos lançamentos anteriores, sem contar que emite mais um testemunho de que se continua a fazer música bastante interessante em terras lusitanas.

À partida caracterizá-los não é tarefa fácil. Não é bem metal, mas comporta bastantes elementos do género, como alguns riffs mais pesados, bem como outros mais melódicos, muito na onda de Katatonia. Existe uma componente também intimista e uma certa tendência em seguir a dicotomia calma/tempestade. De certa forma não será errado dizer, que o principal objectivo da banda será construir uma atmosfera bucólica e opressiva, por vezes chegando mesmo ao ponto da agonia, mas sempre intercalando com momentos mais suaves, um contraste que reforça e de que maneira todas as emoções que convergem na música dos Vertigo Steps.

Talvez o principal ex-líbris daquilo que é Surface/Light, se encontre em Tomorrow I Died, Tomorrow I’ll Live, um tema incrível que sozinho quase que justifica a edição do álbum. Uma apoteose de emoções com um refrão do outro mundo, onde até mesmo as guitarras ganham vida, como se elas próprias tivessem sido afectadas pelo conteúdo emocional do tema. Mas não esquecer também, por exemplo Hollow, com uma interessante utilização de vozes femininas, ou o mais enérgico Zeppelin On Fire.

Enfim Surface/Light é um bom disco, com os seus altos e baixos naturalmente, mas que sem dúvida se recomenda. Talvez não tenha um público assim tão óbvio, mas quem ficou preso nos trabalhos de fim de século de Anathema e Katatonia, ou tem especial predilecção por Green Carnation e In The Woods, não poderá deixar passar Surface/Light ao lado.

Nota: 8.1/10

Review por António Salazar Antunes