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Atra Hora - "Via Combusta" Review


A Rússia é um país enorme. É um facto. Outro facto é que este país tem um underground tão diversificado e com tanta qualidade que surpreende como é que neste país só os Arkona e mais umas poucas bandas é que são embaixadores na Europa e na América.

Os Atra Hora são uma banda envolta numa aura que nos deixa um bocado desnorteados porque não sabemos bem o que se passa ali, ao mesmo tempo que reparamos nas influências principais deste colectivo a milhas de distância. A inspiração destes russos passa pelos Opeth e vai até ás sinfonias dos Epica, pelo que a musicalidade aqui presente é um equilíbrio bem conseguido entre o Death Metal progressivo e as mais variadas texturas ambientais.

O que se destaca aqui é o teclado, seguido de uma guitarra menos audível, mas igualmente bem tocada. A bateria é razoável, assim como a voz, enquanto o baixo cumpre bem o seu papel. Talvez seja aqui em que os Atra Hora deram o maior tropeção desta vez. A sensação dos teclados estarem sobrepostos ás seis cordas, sendo que estas são igualmente bem tocadas, deixa-nos com a sensação de que falta alguma coisa, e verdade seja dita, torna-se chato quando esta prática dura cerca de 50 minutos, e ainda para mais, quando existe uma música  de um nível que me atrevo a caracterizar de fantástico, chamada Phobos, e que mesmo que tenhamos a sensação de que é raro encontrarem-se momentos destes, condiciona-se com esta produção que apesar de estar no sítio, apresenta-se bastante desnivelada.

Apesar deste defeito (grande, diga-se), “Via Combusta” é um álbum que não se encaixa em grandes rótulos e que apesar de “nós já termos ouvido isto algures e com certa frequência”, nos continua a soar inovador e a deixar bem assente que esta banda ainda tem bastante sumo que pode ser espremido. Deixando um saldo positivo, alma e empenho por parte dos músicos, a verdade é que mesmo que a tal produção desnivelada entre as teclas e as cordas, os Atra Hora sublinham que potencial é uma coisa que não lhes falta.

Nota: 7.2/10

Review por Diogo Marques