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Free Fall - "Power and Volume" Review


Revivalismos…por norma ou os odiamos por nunca conseguirem capturar a essência das bandas que marcaram a história da música, ou achamos uma certa piada e não passa disso. Daí que num cenário normal, uma crítica a um disco como Power and Volume, a estreia dos Free Fall, encheria estas linhas de referências, ao invés de focar a suposta qualidade do colectivo composto por Jan Martens (baixo), Mattias Bärjed (guitarra), Kim Fransson (voz) e Ludwig Dahlberg (bateria). Contudo estes suecos são tudo menos normais.

De forma a ficarem com uma ideia do que temos aqui, Power and Volume soa a algo que pudéssemos eventualmente ter encontrado no sótão dos nossos pais, a ganhar pó juntamente com os LPs de Rolling Stones ou dos Lez Zeppelin, o que não deixa de ser propriamente um elogio, pois desde a produção até à atitude, isto cheira a 70’s (ou fim dos anos 60) de tal maneira, que apenas olhando para a data do disco nos convencemos que é de facto um trabalho contemporâneo.

Os Free Fall acabam por ser o filho bastardo entre os AC/DC (a referência à voz do malogrado Bon Scott é por demais evidente), e os Motorhead, com uma intensidade própria dos The Who. Durante as dez faixas essas influências nos vão assaltando os ouvidos, bem como tudo o que de bom essas bandas fizeram durante a sua existência. É rock e blues datado sim senhor, mas é feito com uma pinta que tomara muitos conseguirem sequer sonhar em fazer, e como já antes referido a atitude é sem dúvida aquilo que os distingue, e que faz com que ganhem a simpatia do ouvinte, que sabe que está a ser roubado, mas que o faz com um sorriso de orelha a orelha. Isto vale o que vale, mas para terem conseguido chamar a atenção da Nuclear Blast logo à primeira, pelo menos algum valor os Free Fall teriam obrigatoriamente que ter.

O tema titulo, e primeiro single é paradigmático daquilo que este disco tem para nos oferecer, uma rockalhada com um refrão in your face, e um vocalista a gritar LOUDER!!! em plenos pulmões, enquanto que o guitarrista Mattias Bärjed nos delicia com o soul das suas seis cordas.

Power and Volume é tão ou pouco revivalista que merecia apenas ser editado em vinil, ao invés de andar por aí a correr os computadores num qualquer formato digital. Se por acaso se esqueceram do presente para o dia do pai, têm aqui o disco ideal, e já agora aproveitem e ouçam-no também que vale a pena.

Nota: 8.7/10

Review por António Salazar Antunes