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Shakra - "Powerplay" Review


O conjunto de hard rock suíço Shakra está de volta em 2013 com o seu 9º LP "Powerplay", lançado novamente pela chancela da AFM Records, da qual já são aposta de longa data. A banda mantém o mesmo alinhamento do álbum anterior "Back on Track" que marcou a estreia do vocalista John Prakesh, o terceiro vocalista na história da banda. Nas guitarras mantêm-se Thomas Muster no ritmo e Thom Blunier no solo, Dominik Pfister no baixo e arranjos de teclado e Roger Tanner na percussão.

Para quem não conhece a banda, nascida em 1997, o seu estilo de som é um hard rock que tem como imagem de marca riffs de guitarra musculados e letras que oscilam entre o preachy e o catártico. Este álbum não é excepção - essa fórmula é (re)afirmada de imediato na música de abertura "Time Is Now", uma música simétrica no seu todo em que o vocalista nos diz que ele tem a solução para os nossos problemas e essa solução passa por viver a nossa curta vida ao máximo, tudo isto ao longo de um ritmo one-two repetido quase até à exaustão e uma guitarrada de encher o ouvido. Esta fórmula é revisitada na maioria das músicas do álbum.

A destacar pela positiva estão a fantástica "Dream of Mankind", onde o compasso ominoso e a letra, principalmente durante o seu refrão "No more pains, no more chains" estão em óptima sintonia. Destaca-se também a "Higher", que tem o mérito de ser uma composição hard rock no seu sentido mais puro e duro, com um feeling de just wanna rock despreocupado e cheio de feeling.  Não se pode deixar de abordar o single do álbum "Save You from Yourself" pela sua excelente execução, com um refrão catchy, mas se lhe tiver de apontar um defeito, seria na sua letra, particularmente na utilização cheesy da expressão "my amigo" para terminar uma frase do refrão, que surge sem qualquer razão aparente (a música e a banda não têm qualquer referência ou ligação portuguesa/espanhola), a única coisa que se pode depreender é que a expressão "my friend" já teria sido utilizada no refrão da música "The Mask" - outra boa malha - e o grupo não a quis repetir, contudo isto parece ter sido a saída fácil. Num patamar ainda menos feliz estão a música "Stevie", que soa a filler descarado e onde apenas foi gasto um mínimo esforço na sua composição, ou a "Wonderful Life", uma balada que nos revela de uma forma ingénua e inócua que a vida é simplesmente maravilhosa. 

A voz rouca de John Prakesh ao longo o album é sólida e cumpre bem o seu papel. O trabalho de produção e masterização de Thom Blunier que, para além de ser guitarrista solo também participou na composição de todas as músicas do álbum, é característico: o seu hábito de dar um tom mais pesado aos riffs das guitarras para criar os hooks das  músicas (algo mais comum ao metal que ao hard rock), criando a sensação que estamos a ouvir quatro guitarras em vez de duas, é interessante e acrescenta um corpo bastante volumoso às músicas.

"Powerplay" é um álbum de uma banda já com experiência e com provas dadas mas que não traz nada de novo ao género, estando marcado por altos e baixos onde tão depressa somos surpreendidos com uma malha que  fica no ouvido e vamos querer voltar a ouvir, como a seguir surge algo que ouvimos apenas a primeira vez e vamos querer saltar nas audições seguintes. É aconselhável apenas a fãs da banda ou aos fãs mais assertivos de hard rock pesado que queiram uma obra para passar o tempo enquanto esperam pelo próximo grande lançamento no género. 

Nota: 6.1/10

Review por Tiago Leonel Ferreira