About Me

Black Space Riders - "D:Rei" Review



O início de "Stare At The Water" é enigmático o suficiente para deixar o ouvinte na expectativa sobre o que vem aí e de forma lenta é construído um tema que tem tanto de stoner como de feeling dos anos sessenta, ainda com uns solos de inspiração metálica. Sendo assim, fica-se logo apresentado com o tipo de banda que temos aqui, poderá pensar-se. Sim, mais uma que se encaixa perfeitamente na onda retro. Perfeitamente? Não tanto. Há por aqui espaço para experimentação, algum feeling sludge e doom que são tudo menos retro, com o rock, esse elemento inevitável, sempre a dominar. Uma mistura que faz com que o álbum soe mais desafiante do que se esperaria inicialmente, algo que é sempre bom, para quem tem paciência para tal, claro.

Não é de admirar que exista aqui espaço para muita coisa, afinal temos músicas pequenas, músicas grandes e temos, principalmente, muitas. Treze músicas em quase oitenta minutos de duração parece uma coisa excentrica. Sendo o terceiro álbum, e ainda por cima conceptual, é natural que também exista aqui necessidade de expandir a ambição e de elevar as coisas a um nível superior. Resta saber é se deram o passo maior que a perna. Pela qualidade individual das músicas, é-se obrigado a dizer que não. O álbum é dividido em quatro partes: D - Defiance ; R - Ruins ; E - Escape; I - Beyond. Estas quatro partes representam, tentando resumir e simplificar de forma rápida, uma viagem da destruição e devastação da realidade até um novo e desconhecido mundo, provavelmente incompatível com esta realidade.

Basicamente é um álbum complexo. Se em termos de som, tem-se imensas coisas misturadas, músicas diversas, desde ao doom até ao space rock, passando por um espírito progressivo até algo mais simples, próximo do punk/pop/rock, liricamente e em termos de conceito, as coisas também não são simples, deixando muito, mesmo muito para absorver, digerir e sendo esta uma tarefa que poderá demorar mais tempo do que aquele que se permite, hoje em dia (não querendo julgar se tal é certo ou errado), para tal tarefa. Uma coisa é certa, estes oitenta minutos, para serem bem apreciados, têm que ser multiplicados em profusão. Um álbum que desafia os (maus) hábitos de hoje em dia e que poderá sofrer por causa disso, mas de certeza de que será um daqueles que será lembrado e re-descoberto com prazer daqui a uns bons anos.


Nota: 7.8/10

Review por Fernando Ferreira