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Entrevista aos Anifernyen


São do Porto, estão de regresso após um Ep em 2008. Novamente activos a partir do ano passado, os Anifernyen lançaram agora o seu disco de estreia. No final do mês irão estar presentes na festa de doze anos do Metalpoint, onde este «Augur» poderá ser apreciado.

M.I. - «Augur» surge onze anos depois de «The Pledge of Chaos». O que se passou?

Luís Ferreira: Houve uma grande reestruturação da banda. Da formação inicial ficaram apenas os guitarristas. As diferenças acabam por ser evidentes no que toca à voz e à componente rítmica. Tentamos aproveitar ao máximo a voz do Daniel. O Hugo e o Ricardo dispensam apresentações. São elementos com bastante experiência no meio e com extrema competência. Apesar de tudo, há uma relação entre os dois trabalhos, que se prende com a manutenção dos elementos responsáveis pela composição. Quem ouviu o EP e agora o álbum consegue encontrar pontos de contacto. Ao vivo os temas antigos também marcam presença e ganham uma nova dimensão com a formação atual.


M.I. - Recordo um concerto vosso, em 2018, que deixaram com um “vamos ter novidades em breve”, foi aí que o grupo se recomeçou a reestruturar e planear devidamente as coisas?

Daniel Lucas: Pela altura desse concerto, em 2018, já tínhamos o plano bem definido. A banda já estava com uma formação sólida desde 2017. As novidades a que nos referirmos estavam directamente ligadas à edição do álbum. Durante o hiato e sempre que possível, fomos aproveitando o tempo para definir todas as componentes do álbum, fosse a ultimar detalhes de composição, a arranjar a melhor forma de captar os instrumentos e voz, a ponderar que caminho tomar em relação ao artwork, entre outros detalhes. Essa série de concertos serviram para mostrar que não estávamos parados mas sim a trabalhar em coisas novas. A recepção à “nova” banda e às novas músicas, não poderia ter sido melhor.


M.I. - O disco, acaba por ter um conceito associado ao nome da banda, algo apocalíptico, diria mesmo. 

D. L.: Sim, de certa forma o título do álbum está relacionado com o nome da banda, embora o nome Anifernyen esteja mais directamente ligado a um conceito de Inferno gélido e desolador e não a habitual ideia de Inferno. O título acabou por surgir de uma cogitação sobre o conjunto das suas faixas, mas não só pelos textos. Também a própria música era evocativa desse cenário. Ele não era evocado de uma forma directa mas sim de uma forma profética, como aquelas ideias que nos são dadas no livro do Apocalipse ou mesmo as profecias de Nostradamus. E encontramos na palavra “Augur” uma palavra forte, que engloba a totalidade das ideias visuais e sonoras do álbum e que funciona perfeitamente como título. 


M.I. - «Deadite» é o bónus, tema fora do conceptual, honrando uma figura menos conhecida dos filmes de terror, em particular “Evil Dead”, queres falar sobre isso.

D.L.: Como conceito, o álbum acaba na «Neverlight». Esse é o tema que conclui a ideia em «Augur». No entanto nós gostamos muito da «Deadite», embora, quer musicalmente quer tematicamente, não se enquadre nas restantes. Queríamos captá-la e registá-la porque não deixa de ser Anifernyen. Temos um grande carinho pela trilogia "Evil Dead" do Sam Raimi. A música é uma homenagem a esses filmes e às criaturas que são invocadas, os Deadites. Foram também utilizados na faixa vários sons produzidos por nós que fazem alusão aos Deadites e sobretudo a um som que é muito característico dos filmes que é o som crescente de um demónio invisível que avança entre a floresta. 


M.I. - Neste disco apostaram na colaboração gráfica com a Credo Quia Absurdum. Há planos para prolongar essa cooperação a merchandise e posters?

D. L.: Começamos por dizer que foi uma excelente aposta. Sabíamos que quando os tínhamos contactado para o trabalho, que receberíamos um resultado final soberbo, mas o que acabaram por nos entregar foi além do esperado. Demos-lhes algumas guias sobre os temas e a estética do álbum e eles cumpriram de sobremaneira. Toda a arte para merchandise foi elaborada pela Credo Quia Absurdum e orgulhamo-nos muito de saber que quem compra e veste uma peça de roupa com o nosso nome traz ao peito uma obra de arte. Aliás quem apenas fica pela capa do álbum acaba por ficar a perder o resto da fantástica arte que foi feita para o interior do livrete que acompanha o CD.


M.I. - Praticamente todos os elementos estão ligados a outros grupos, há planos para gerir isso?

D. L.: Para já não tem sido muito difícil e não têm existido grandes obstáculos. Nós gerimos o nosso tempo de acordo com os compromissos de cada um. Se por um motivo ou por outro existe uma dificuldade, fazemos os possíveis para dar a volta. Claro que avaliamos sempre o peso das oportunidades antes de decidir o que quer que seja, e essas discussões são sempre feitas em conjunto. Mas já somos todos crescidos e conscientes das nossas responsabilidades. Cada um gere a sua agenda e como estamos sempre em contacto nunca se criam conflitos. A banda tem o seu peso na vida de cada um dos membros, mas sabemos perfeitamente medir o impacto que ela tem na nossa vida. Somos os nossos próprios managers e a banda tem de funcionar de acordo com as nossas possibilidades. Nunca ao contrário.


M.I. - Disco cá fora, e agora?

D.L.: Agora é fazer com que o “Augur” chegue mais longe e dentro do possível, mostrar Anifernyen mais vezes ao vivo, quer domesticamente quer internacionalmente. Tudo feito de forma consciente. Havia muita gente que não se lembrava da banda e muitos outros que nem sabiam que existia. Queremos mudar isso, e com um álbum na mão acreditamos que isso irá mudar. O disco já foi um grande objectivo de vida cumprido, e temos tido a sorte de estar a receber feedback muito positivo por parte de quem tem escutado e tem apreciado a obra. As vendas estão a correr bastante bem. Já enviamos CDs para a Austrália e Nova Zelândia, o que significa que está a ser ouvido e há interesse. Existem também planos para o futuro, mas de momento estamos inteiramente focados em «Augur».

Entrevista por Freebird