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Moonspell - Fernando Ribeiro diz que a banda "levou um bocado na cabeça" com o experimental "Sin/Pecado"


Agora que o álbum "Sin/Pecado" foi reeditado, Fernando Ribeiro falou com Kyle McGinn do site Dead Rhetoric sobre a recetividade dos fãs e críticos, aquando do seu lançamento em 1998, e do seu legado, dado ter sido um trabalho que marcou a fase de transição na carreira da banda portuguesa:

"Eu acho que foi o último ano no heavy metal, onde as pessoas não tiveram paciência para as bandas que experimentavam. Vinte anos depois, fico feliz em ver mais bandas experimentais como Zeal & Ardor, Ulver e Leprous que têm crescido bastante e ganho fama. Eu não diria que "Sin/Pecado" estava à frente do seu tempo ou tenha sido subestimado - isso seria um exagero na minha opinião, mas acho que não se passou apenas connosco, mas também com os Paradise Lost, My Dying Bride e Tiamat - estávamos num caminho musical que realmente envolveu a experimentação e mexeu com a cabeça dos fãs em relação aos limites do dark metal. Muitos gostaram e levaram a sério, mas também houve uma reação contrária relativamente a essas bandas. É apenas um nome - não tenho opinião sobre isso. Mas, por exemplo, bandas como os Hammerfall foram as precursoras de um certo tipo de metal 'clássico'. Então, havia uma divisão das águas.

"Se me colocas essa questão enquanto músico, não me arrependo do 'Sin'. Gostaria de regravá-lo, porque não estava feliz com a produção e acho que algumas dessas ideias perderam-se na tradução. De certa forma, é por isso que tivemos um produtor diferente no 'The Butterfly Effect'. Mas se as pessoas conhecem a história do metal, elas devem saber que os Bathory e os Celtic Frost, as principais influências dos Moonspell, também eram bandas experimentais. Não inventámos nada de novo, seguimos apenas o exemplo e alargámos o nosso espectro àquilo que pensávamos que os nossos ídolos teriam feito. Na verdade, o Quorthon [Bathory] compôs o 'Under The Sign Of The Black Mark', como também o 'Twilight Of The Gods'. Os Celtic Frost compuseram o 'Into The Pandemonium' e o 'Morbid Tales'. Portanto, acho que seguimos esse caminho. Mas nunca se pode controlar o que as pessoas pensam. Essa é a beleza e a maldição de se ser um músico. Acabámos por seguir em frente, e ainda estamos aqui.

"As pessoas precisavam de tempo para apreciar o 'Sin', por isso não me importo. Vínhamos de um período muito glorioso com o 'Wolfheart' e o 'Irreligious', e levámos um bocado na cabeça. Mas se eu não quisesse levar na cabeça, não me teria tornado num músico. [risos] Eu não quero... mas consigo sem dúvida lidar com isso. Então, algumas coisas amadurecem em ti - quando ouvi o 'Hammerheart' dos Bathory, disse: 'Que merda é esta?' Mas após alguns dias, adorei-o. Quando alguém que tu adoras, faz algo que não gostas, não é um motivo para afastá-lo da tua vida... e a música imita a vida."

Por: Bruno Porta Nova - 22 Dezembro 19