Foi com um misto de alegria e tristeza que me desloquei ao Sabotage Club nesta noite. Alegria por saber que ia assistir a mais um grande concerto naquela sala, tristeza por saber que pode ser um dos últimos a ter ali lugar. Pouco ou nada posso acrescentar ao que o Vasco Rodrigues apontou aquando da sua reportagem sobre os Artigo 21, apenas lamentar que exista ainda quem pense que a música em Portugal passa apenas pelo Pop in Rio, com uma sempre presente Ivete, ou pelos concertos do grande Tony, onde ele interpreta os seus “originais”. Há no nosso país quem aprecie sonoridades alternativas, ou se quiserem, underground. O Sabotage Club sempre se pautou por ser um elo entre o artista e o consumidor desses estilos musicais. Conhecido por ceder o seu palco a inúmeras bandas ao longo do tempo, sempre lhes deu a exposição de que elas tanto necessitam, tal como aconteceu uma vez mais nesta noite. Desculpem o desabafo, mas o Sabotage faz falta.
Praticamente a tocar em casa, este trio começou com “Antient”, que marcou o início de um desfilar de pós metal onde o doom se mistura com uma energia muito escura. O ritmo da sua música não é acelerado e os riffs sucedem-se. “Henosis” foi talvez a exceção, fez todo o público presente na sala movimentar-se de forma mais brusca, afinal, os Wells Valley também sabem fazer temas com mais ritmo, embora tal fuja um pouco ao seu padrão. Agradecimentos feitos, Filipe Correia pediu ao Sabotage que nunca se esqueça dos Wells Valley, pois é para eles motivo de satisfação tocar naquele palco. “Forty Days”, tema com que termina Reconcile the Antinomy, deveria também encerrar a atuação desta noite, mas Filipe perguntou aos presentes se aguentavam mais uma e perante a resposta afirmativa, interpretaram “Ophanim”, único tema que não pertence ao último trabalho. Ótimo concerto de duas grandes bandas que se estão a afirmar cada vez mais dentro do underground nacional.
Texto por António Rodrigues
Fotografias por Sabena Costa
Agradecimentos: Sabotage Club