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Today is the Day - "No Good to Anyone" Review


“Burn in hell” foi o single que me apresentou a este mais recente trabalho dos Today is the Day, soando a uma versão mais pesada de Queens of the Stone Age, até entrarem os blastbeats, e a voz gritada de Steve Austin, e o tema sofre uma reviravolta. 

Com efeito, os Today is the Day não são conhecidos pela sonoridade fácil de captar, com o recurso a mudanças de dinâmica e de estilo dentro de cada música, com a voz perturbada de Steve Austin, recorrendo a vários registos para isso. O próprio álbum em si, oscila entre temas longos (o primeiro e o último) e temas que não chegam a um minuto de duração. O desconforto patente na voz é comunicado de forma perfeita pela música, deixando o ouvinte desorientado e sempre alerta às mudanças que podem (ou não) surgir.

O disco abre com o tema-título, que é um dos mais longos, que começa lento, doom, com um refrão mais rápido e mais instrumentação além do trio baixo, guitarra e bateria (sintetizador Moog cortesia do baixista DJ Cox). Segue-se “Attacked by an Angel”, directo e melancólico. “Son of Man” começa com uma narração a lembrar Nick Cave, com os versos ditados pela voz atormentada de Steve Austin, com a bateria de Tom Benett em tom de marcha nos timbalões e tarola.

“You’re all gonna die” é um tema stoner mais directo e pesado, com a letra deprimente e pesada adequada ao título. Por sua vez, “Callie”, cujo nome se deve à cadela de Steve Austin que morreu, é uma balada triste, um dos momentos mais emotivos e belos deste álbum. 

Uma curiosidade é “Orland”, tocado ao piano exclusivamente pelo filho de Steve Austin, servindo quase de introdução a “Cocobolo”, o tema seguinte, com o baixo em destaque. A enquadrar este tema, segue-se “Agate” (outro tema com menos de um minuto), interpretado pelo convidado Mark Ablasou.

A três temas do fim, temos “Born in Blood”, um dos pontos altos do disco, pela sua simplicidade. “Mexico”, lembra The Mars Volta, nos seus temas mais directos (o riff principal é cativante). O disco encerra com o melancólico “Rockets and Dreams”, com o som de sinos e guitarra acústica no início, com a bateria/percussão e sintetizadores a seguirem-se a acompanhar a voz (aqui suave), a segunda metade do tema é em si uma viagem diferente que conta com uma versão distorcida em guitarra de “America the beautiful” perto do fim.

Na verdade, a variedade de estilos que são abrangidos por este álbum é demasiado longa para ser listada, mas aí é que está a essência e o principal apelo de No Good to Anyone, por exemplo, “Oj Kush” lembra Mastodon onde “Mercy” lembra Audioslave. Daí que se trate de um disco interessante de se escutar várias vezes, ainda que não seja de fácil absorção, pois leva o ouvinte por vários caminhos inesperados.

Nota: 9/10

Review por Raúl Avelar