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Entrevista aos Murro

Estivemos recentemente à conversa com os Murro, para ficarmos a saber um pouco das suas origens, novo álbum, concertos e também sobre a vantagem em ter uma Editora que se preocupa. Misantropo está quase a sair e também quisemos saber um pouco sobre ele.

M.I. - Antes de mais, muito obrigado por nos concederem esta entrevista. Gostava que se apresentassem. Quem são os Murro?

Os Murro são uma banda que começou em 2012, com Macaco Rápido (Pedro Silva) na guitarra e voz e Hugo Cão (Hugo Botelho) na bateria, durou até mais ou menos ao início de 2016 quando iniciámos a gravação do primeiro disco apenas disponível no Youtube que dá pelo nome de “Foda-se”, demorou pelo menos um ano até à sua conclusão, o disco foi feito à base de baterias programadas, guitarras, baixo, samplers, mas desta vez com o Hugo nas vozes. 
Tentámos depois levar o formato para concerto; o Hugo lançava os ritmos e cantava, o Macaco lançava os samplers…a coisa nunca foi muito agradável, depois de grande frustração prosseguimos com a busca de músicos para o formato de banda. Até aos dias de hoje passaram algumas pessoas pelo projeto até chegarmos à formação atual que para além dos fundadores (Hugo Cão na voz e Macaco Rápido na guitarra) conta com o Tiago Ce na bateria e o Valter Costa no baixo. 
Até agora tínhamos feito tudo a pulso! Gravávamos, fazíamos vídeos, fotos etc… 
Em 2020 recebemos um convite do Rick Chain para integrar a Raginplanet e aí percebemos que as coisas iriam piar diferente.


M.I. - Este é um projeto onde vocês estão a 100%, ou existem outras bandas onde vocês também participem?

Estamos a 100% nos Murro! O Hugo e Macaco têm projetos (a solo) mas nada que interfira com o tempo ou mesmo o género musical dos Murro, ambos mantivemos e continuamos a manter a mesma dinâmica anterior…quando não estamos com os Murro estamos a gravar em casa os nossos outros projetos, mas são estilos completamente diferentes, os Murro trabalharam à distância na troca de ficheiros para fazer algumas músicas, mas por força das circunstâncias e devido à maldita pandemia, para fazer música temos de estar juntos.


M.I. - Murro é um nome facilmente associado a agressividade. Era isso o pretendido? A vossa música é agressiva?

Sim, queríamos um nome forte, gostávamos de ter uma explicação poética, mas foi um nome que surgiu, gostamos de fazer música que achamos agressiva como quem pratica karaté, não andamos a pegar fogo a caixotes do lixo nem nada que se pareça. Somos pela paz e não queremos incentivar à violência, consideramo-nos uma banda de carácter reivindicativo, achamos que a agressividade está nas agressões e ingerências dos EUA e da própria EU á LIBIA; SIRIA etc… embargos a Cuba e ao antagonismo da classe capitalista. 


M.I. - Que bandas vocês apreciam, ou possam mesmo influenciar-vos enquanto músicos?

Lard, Ministry, Crass foram as bandas que pusemos na balança, mas como referência, na banda todos têm gostos diferentes, há quem goste de Miles Davis e quem goste de Gojira por exemplo. 
       
       
M.I. - Que trunfos vocês entendem possuir que vos permita singrar no panorama musical português?

O que temos naturalmente é a música que fazemos e que queremos continuar a fazer, alguns de nós tocam em bandas há alguns 20 anos. Nunca procurámos nenhum tipo de mediatismo e nunca tivemos grandes esperanças em ser contactados pelas editoras, tentámos, mas nunca houve sequer uma resposta, temos consciência que pertencer a uma editora é um fator que joga a nosso favor porque temos mais gente a ouvir a nossa música e provavelmente no mundo inteiro, entrar para a Ragingplanet foi muito bom.    


M.I. - Os Murro têm alguns concertos em agenda, como é o caso do de dia 18 no RCA com os Theriomorphic e o de dia 23 de outubro, no Locomotiva. Serão dois concertos bastante diferentes, certo?

Pensamos que sim, não apenas pelo espaço físico, mas pelo dia 23, no Locomotiva, ser o lançamento do nosso álbum MISANTROPO.  


M.I. - No Locomotiva iremos assistir à apresentação do álbum, um trabalho que foi sendo adiado. Foi tudo culpa do Covid?

Sim, a data de lançamento sofreu algumas alterações, principalmente devido às proibições de circulação; curiosamente no dia em que falámos com o Rick Chain foi o dia em que começámos a gravar o álbum no nosso estúdio, mais tarde foram enviadas as tracks para o Miguel Tereso que misturou e masterizou, nunca estivemos pessoalmente com ele durante esse processo. As sessões eram-nos enviadas, revistas e enviadas novamente.


M.I. -  O que nos podem adiantar acerca de “Misantropo”?

Misantropo foi gravado pelos Murro, misturado e masterizado pelo Miguel Tereso, o grafismo foi feito pelo João Pimenta e vai ser lançado pela Ragingplanet, a fotografia da capa foi tirada pelo Macaco Rápido ao André, filho de uma amiga do mesmo que agora tem 19 anos. Musicalmente roça o hardcore, d-beat e algum noise. Algumas músicas são antigas outras recentes, podemos caracterizar o disco, na nossa opinião, como um disco agressivo musicalmente, as mensagens são na sua maioria dirigidas duma forma exagerada como que se estivéssemos a escrever um programa político, algumas críticas ao individualismo exaltando o coletivo como a última etapa duma revolução. 


M.I. - A composição dos temas é feita em conjunto, ou algum elemento se destaca nessa tarefa?

Sim, as músicas são feitas em conjunto, depois cada um põe mais sal ou menos.


M.I. - Cantar em português foi sempre a vossa primeira e única opção?

Começámos logo com o Português, nunca pensámos sequer em pôr a hipótese de cantar em inglês, até porque, duma certa forma, o que nos caracteriza é a voz do Hugo.


M.I. -  Agradeço uma vez mais a vossa disponibilidade desejando muitas felicidades para o vosso trabalho. Querem deixar alguma mensagem aos nossos leitores?

Apareçam dia 18 no RCA e dia 23 de outubro no Locomotiva para bebermos um moscatel. 


Entrevista realizada por António Rodrigues