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Entrevista aos Rhapsody Of Fire


Quando as pessoas dizem que o italiano é a língua do amor e do Power Metal, não estão enganadas. Ouçam “Un’Ode Per L’Eroe”:
“…Il vento porta un cantico
Un'ode per l'eroe
Spande già
L'antica melodia…”
A Metal Imperium teve a oportunidade de falar com Alex Staropoli, teclista, compositor e cofundador dos Rhapsody of Fire sobre “Glory Of Salvation”, que foi lançado pela AFM Records no dia 26 de novembro. Ele contou-nos sobre o processo de composição, letras, temas em diferentes idiomas e muito mais. Sabiam que o cantor Giacomo Voli participou num programa de TV italiano?

M.I. - Olá, rapazes. Saudações de Portugal para Itália. Espero que estejam bem e obrigada por terem aceitado esta entrevista.

Olá, Raquel Miranda! Sou o Alex Staropoli, obrigado por esta entrevista!


M.I. - “Glory For Salvation” é o vosso décimo terceiro álbum de estúdio, que foi lançado no dia 26 de novembro pela AFM Records, e é a épica continuação da vossa trilogia, que começou com o “The Eighth Mountain” de 2019. É o segundo capítulo da saga do Império dos Nephilim. Podes contar-nos mais sobre a saga e a trilogia e onde nos leva este álbum?

“Glory For Salvation” é o segundo capítulo desta nova saga dos Rhapsody Of Fire. Neste momento da história, o herói abre os olhos e dá-se conta da realidade à sua volta e entende que terá de lutar com todas as suas forças para cumprir os seus objetivos. Não há uma conexão real com a nossa vida diária ou a nossa sociedade, mas é uma metáfora para impulsionar, para levar as pessoas a acreditarem em si próprias e fazê-las perceber que cada um de nós tem uma segunda oportunidade e, para tal, temos de trabalhar no duro.


M.I. - Podemos ver um amadurecimento tanto na composição das letras da banda, quanto na música. Mas falemos primeiro sobre as letras, pode ser? Foste responsável por escrever todas as canções para o álbum. Como foi o desafio, já que o Luca Turilli foi o compositor contigo? Quais foram as principais influências e que lições aprendeste com isso?

Passei os últimos dois anos a trabalhar na produção deste novo álbum. Na busca por novas melodias, novos cenários musicais e novos elementos para integrar o som e a composição. A composição foi espontânea e senti-me inspirado e motivado o tempo todo. Ser capaz de escrever músicas épicas para os nossos fãs épicos, sempre foi um privilégio. A música vem primeiro. Eu crio todas as músicas e programo todos os instrumentos primeiro na versão demo, incluindo as melodias vocais. Baseado nisso, o Giacomo trabalhará na letra. Essa é a etapa final. Quanto mais trabalho em cada música, mais ideias e novas contribuições recebo. O processo fica aberto até começarmos a mistura. Se tiver ideias e acréscimos de última hora, farei de tudo para que isso aconteça, mesmo durante a mistura. Sobre influências, posso mencionar a natureza, cinema, música clássica, música cinematográfica e todos os instrumentos disponíveis que me permitem criar e compor. Todos os dias podes aprender algo com qualquer coisa, se estiveres disposto a ouvir e a ser percetivo. 


M.I. - E musicalmente? Escreveste algumas das canções e o guitarrista Roby De Micheli tem crédito noutras, pela criação dos riffs. Como é que criaste a música, uma vez que entra nos sonhos mais loucos dos ouvintes? Como é que as orquestrações foram feitas e adicionadas entre cada música? “Infinitae Gloriae” apresenta um refrão tradicionalmente estimulante, ao estilo dos Rhapsody. Quem são os cantores do refrão?

Eu componho as músicas sozinho, mas o Roby De Micheli também faz parte do processo. O Roby tem muitas ideias, especialmente para riffs de guitarra, solos de guitarra e outras partes. Não existem regras específicas para escrever uma música. Frequentemente, começo apenas com o desejo de usar instrumentos específicos e é o caso do “Terial The Hawk”, por exemplo. Escrevi a música a querer ter gaita irlandesa, harpa celta, flautas, solos e, o desejo de usar esses instrumentos fantásticos, levou-me ao processo de composição. Gravei dois coros, o operático e o chamado coro épico. Em ambos tivemos vários cantores, os nomes deles estão todos nos créditos do livreto. Em ambos os coros, há muitas faixas, várias faixas para cada melodia, harmonia, oitavas, etc. Foi um trabalho enorme conseguir o resultado sonoro que precisava, mas valeu a pena.


M.I. - Giovanni Davoli gravou e filmou a introdução de 'Terial The Hawk' com gaitas irlandesas, a gaita de foles nacional característica da Irlanda. Pensaste em fazer uma fusão com elementos barrocos e tradicionais neste disco?

O Giovanni é um músico fantástico. Adoro gaitas e todos os instrumentos barrocos e celtas. Acho a mistura entre Metal e esses instrumentos muito emocionante e com certeza usá-los-ei mais no futuro.


M.I. - Três canções estão em diferentes línguas. “Un’ode per l’eroe” (Uma Ode Para O Herói) e “La esencia de un rey” (A Real Essência De Um Rei) são versões em italiano e espanhol da “Magic Signs.” Porque é que decidiram fazer duas versões diferentes dessa música?

Agora é uma tradição. Fizemos o mesmo no “The Eighth Mountain” com 4 diferentes línguas, que foram lançadas no nosso último EP: “I’ll Be Your Hero”! É divertido de fazer! É um bom desafio para o Giacomo, mas além disso, é um presente para os nossos fãs de todo o mundo. Especificamente, essas letras não são apenas traduções, mas todas as letras de cada idioma foram especificamente criadas, é claro, de acordo com a história e os significados associados a ela. 


M.I. - É o primeiro álbum do Giacomo Voli enquanto frontman e vocês criaram um som notável. Achas que a mudança de formação contribuiu para isso, principalmente a saída do baterista Manu Lotter e Paolo Marchesich ocupar o lugar dele? Que novo som o Paolo trouxe para a atmosfera da banda que faltava?

Acho que é claro que o Giacomo, que por sinal está na banda há 5 anos, trouxe uma lufada de ar fresco de mudança e um ótimo som. Fiquei surpreso com o quão incrivelmente foi bem recebido pelos nossos fãs. Diante de tal talento e voz incrível, é impossível não ficar impressionado. O novo baterista Paolo Marchesich é um gajo fixe e, além de ser amigo do Roby De Micheli e do Alessandro Sala, é da nossa cidade natal! A sua forma de tocar bateria é fantástica e ele é um gajo muito doce. Até agora, a atmosfera é ótima!


M.I. - Cada localização dos vossos vídeos é tão épica e poderosa. Como é que escolheram o local para eles e o diretor tem a mesma visão que vocês?

O diretor Simone Vrech teve a localização perfeita depois de eu lhe ter dito que gostaria de filmar nos Alpes italianos. Filmar nesses locais, principalmente a 2000 mt acima do nível do mar, com quase zero graus Celsius, mais vento e chuva, não é fácil, mas tivemos uma ótima organização. Além da grandiosidade dessas montanhas, orgulhámo-nos de poder mostrar ao mundo o nosso belo território. Trieste, a nossa cidade natal, fica apenas a algumas horas de distância. 


M.I. - Sebastian "Seeb" Levermann (Orden Ogan) manteve a chama acesa do primeiro álbum. Como é trabalhar com um amigo que trabalha com o mesmo género que o vosso?

Ter um engenheiro de mistura como Sebastian "Seeb" Levermann torna o meu processo de composição mais emocionante, pois sei que no final de todo o processo de composição, arranjo e gravação, há uma pessoa talentosa que vai fazer com que cada música soe exatamente como deve ser e este é um elemento muito importante. Sou muito grato para com o “Seeb”. Com o “The Eighth Mountain”, ele fez um ótimo trabalho e com o “Glory For Salvation”, ele elevou a fasquia de uma forma que eu jamais teria imaginado. O som é poderoso, rico e ainda assim definido e claro. O facto de ele estar no mundo do Metal também vejo isso como um fator muito positivo. Quero que a banda soe mais Metal e poderosa do que no passado. Por isso, é uma ótima escolha usar os serviços dele para mistura e masterização.


M.I. - Vocês confirmaram um plano de tournée de 30 datas por terras europeias: “Glory For Salvation Tour”! Está agendada para janeiro/fevereiro de 2022 e conta com o apoio de Nightmare e Phantom Elite (banda de abertura), bandas warm-up, Existance e Manigance, em França. Portugal será incluído? Que surpresas terão para os fãs?

Vai ser uma tournée fantástica! Estamos a trabalhar para tocar em Portugal também, claro. Estamos felizes por podermos finalmente voltar a andar em tournée e tocar algumas das novas músicas. Mal podemos esperar!


M.I. - Conheces novas bandas de Power Metal? Se sim, qual é a tua favorita? Que bandas/artistas ouves e recomendas.

Não conheço novas bandas de Power Metal. Tudo o que faço é concentrar-me no trabalho que faço para os Rhapsody Of Fire e geralmente nem estou interessado no que as outras bandas fazem. Tenho demasiado trabalho de qualquer maneira e, além disso, prefiro nem ouvir Metal, do ponto de vista de compositor, tenho a certeza que é um comportamento comum.


M.I. - Vamos falar de algo para além do Power Metal e Metal em geral. Espetacular atuação do Giacomo no programa italiano “All Together Now”! Como foi o convite para o programa e a escolha da música?

O Giacomo é um talento incrível. Ele inscreveu-se para o “All Together Now”! e foi aceite imediatamente e não estou surpreendido. Cada participante tem uma lista de músicas para escolher, também com base no tipo de voz e gosto pessoal, acho eu. O Giacomo é muito versátil e destacou-se em todas as músicas que interpretou. Estamos orgulhosos dele!


M.I. - Muito obrigada mais uma vez por aceitares esta entrevista. Queres dizer alguma coisa mais aos teus fãs?

Desde a primeira vez que fui a Portugal, apaixonei-me pelo vosso lindo país e também pelos fãs incríveis. Da última vez, aproveitei alguns dias livres e visitei lugares. Estou ansioso por repetir a experiência e dar alguns concertos novamente em 2022. Estou a trabalhar nisso. Gostaria que as coisas voltassem ao normal e todos desfrutassem de concertos ao vivo de novo!
Mantenham-se seguros e saudáveis!
Alex Staropoli.


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Questions by Raquel Miranda