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Reportagem: Resurrection Fest @ Viveiro, Espanha - 02.07.2022 | Dia 4


No quarto dia de Resurrection um furacão com nome Crossfaith e a má notícia Korn. Novamente um dia de arranque lento com palcos secundários ocupados por projetos espanhóis ou de pouca significância. Pena, pois horas depois a oferta era tanta que a escolha se tornava impossível.


No Main Stage, surgem uns Beyond the Black, que não trazendo nada de novo, se revelaram bons no que faziam. Um metal melódico com vertente death, remetendo para os inícios de Within Temptation. Alemães, tudo muito estudado, mas, mesmo assim, convincentes e capazes de agradar aos que estavam lá naquela hora. Ao quarto dia, o Sol desapareceu. O Messias chegou com os espanhóis The Broken Horizon, entre temas mais death e outros hardcore. Um grupo a observar. Entretanto no Main stage, os franceses Dagoba já terminavam, convocando, para o seu penúltimo tema, um massivo circle pit que se arriscava a ser o último a levantar pó, numa altura em que nuvens ameaçavam trazer a chuva em definitivo. Tipo de banda que se ignora em disco, mas que ao vivo acaba a cativar e faz mergulhar na audição.


Foi por essa altura que no Ritual Stage se apresentaram os nacionais Gaerea. Este ano, apenas duas bandas no cartaz do Resu, bem menos que na edição anterior. Todos sabem que Gaerea tem mais impacto em regime noturno, mas mesmo assim, aquele que temporariamente é quarteto, deu um concerto acima da média daquilo que se viu naquele palco. Com o backdrop a invocar o disco «Limbo», do qual ainda fazem a digressão, houve espaço para o single «Salve».


Ao mesmo tempo, no Desert Stage, os germânicos The Picturebooks traziam o seu stoner rock. Mal deu para ver a actuação do duo, posteriormente elogiada, mas que também pareceu sofrer do ambiente, pois os dois músicos ganham imenso quando colocados no palco de um pequeno clube.
Nova enchente para o Main Stage, todos queriam ver os japoneses Crossfaith. Claramente o público com a média de idades mais baixa, mas o mais energético, com inúmeros crowd surfers, vários circle pits. Pelo menos metade dos músicos mergulharam na multidão, num dos melhores concertos do festival. Um exemplo da loucura criada, foi observar o pânico dos seguranças, face à continua queda de corpos no fosso frente ao placo. Concerto para assistir sem preconceitos de estilo. Deathcore numa fusão eletrónica com Nu metal, será a descrição que melhor se aproxima.


Cansados, e assumido pelo próprio Nick Holmes, Bloodbath, tocaram de forma menos impactante que no passado. O death metal arrancou num formato mais perto do stoner, só começando a ganhar dimensão e agressividade com o evoluir do set. O som também não ajudou, mas esse foi problema contínuo no Ritual Stage nesse dia.


A mudança de bandas ao longo dos dois anos, levou a que Mastodon abrissem para Gojira. Algo estranho. Apesar disso, ambos os grupos estiveram bem. Se Mastodon continuam a evoluir musicalmente, tendo mesmo integrado um novo elemento em palco, para reforçar as teclas, já Gojira apostam na dimensão do concerto para mascarar um certo marca passo criativo. Os irmãos Duplantier sabem bem o que fazem.


Paralelamente a estes dois concertos, outras coisas interessantes se desenrolavam. Na realidade, o dia de sábado, foi, de longe, o melhor e mais diversificado do festival. No Chaos Stage havia o choque sonoro de Moscow Death Brigade. Rap misturado com metal. Dois vocalistas e um DJ. Punk, Rap, metal. Interventivo e com o público completamente enlouquecido. No Desert Stage, surgia o post-rock instrumental de Toundra. Espanhóis tão interessantes como pouco conhecidos por cá, algo de lamentar.
Sábado revelar-se-ia verdadeiramente o último dia do festival. Já na madrugada de domingo, Korn cancelaria a presença e a continua chuva que assolou a última tarde e noite do festival, roubou todo o espírito do mesmo.


Reportagem por Freebird
Agradecimentos: Resurrection Fest