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Prong - "State of Emergency" Review


Qualquer banda que preconiza uma mensagem marcadamente política e/ou sociocultural corre o risco de se tornar datada com muita facilidade, se não o fizer com o equilíbrio necessário entre a música e a mensagem que se apresenta. Também corre o risco de alienar os seguidores por causa de mudanças no status quo, que tornem obsoleta qualquer mensagem que numa determinada altura tenha sido pertinente.

Para exemplificar este conceito acho que os líricos do tema Captive Honour dos Megadeth, envelheceram melhor do que os de United Abominations.

Sou da opinião que os trabalhos deste trio liderado por Tommy Victor, do qual é também o único membro original e que divide o seu tempo entre os compromissos dos seus Prong com os dos Danzig, dos quais também é atualmente
integrante, ostentam uma mensagem mais abrangente e transversal. As letras focam temas de alienação, injustiça social, desigualdade, racismo, xenofobia como tantas outras bandas que povoam o nosso espectro musical, mas ao serem abrangentes e contundentes em igual medida, podemos ouvir os temas, entender a mensagem e até interiorizar a mesma, se o desejarmos, mas sem nos dar vontade de pegar num machado e começar a partir tudo indiscriminadamente.

Dez golpes na nossa consciência e uma cover de Working Man dos Rush, apresentada com um andamento mais lento do que o original, até chegar a meio do tema em que acelera mais que o original (Um esforço respeitável, mas que não é totalmente conseguido), compõem este trabalho produzido por Steve Evetts (Sepultura, The Dillinger Escape Plan, el al) que nos apresenta um som de guitarra agressivo, excelentemente segundado pelo trabalho de baixo, no que concerne à bateria acho que o som da tarola esta demasiado comprimido e também gostaria de ouvir o pedal duplo com mais dinâmica. Acho que, por exemplo, no trabalho Nation dos Sepultura, isso foi conseguido, já na parte dos pratos o som é cristalino e constante. Acaba por ser um pouco estranha esta falta de equilíbrio na produção, por se tratar de um trio, ou seja, à partida seria mais fácil dar o destaque e detalhe a todos os instrumentos. Deveria ser mais fácil de o conseguir do que numa banda como os Iron Maiden em que temos os fenomenais Adrian Smith e Dave Murray além do outro senhor que lá esta, que gosta muito de fazer a manobra do helicóptero com a guitarra, mas por vezes o resultado pode ser no mínimo contraproducente.  

Mais uma vez o tema de apresentação de um álbum é acompanhado por um vídeo insipido que apresenta a letra enquanto o tema toca quase como se de música de fundo se tratasse. Admito que sou saudosista do tempo em que as bandas faziam verdadeiros videoclipes para os temas, pois atualmente e salvo raras exceções, só apresentam este tipo de suporte audiovisual. Nem todos podem ser os Metallica que até pecam por excesso, ao gravar videoclipes para todos os temas de um determinado álbum.    

Em suma o que temos aqui é um álbum sólido de uma banda que pauta a sua carreira pela solidez dos seus trabalhos. Não deverão conseguir angariar novos fãs, mas para o seu público-alvo há aqui muito para descobrir e apreciar.

Nota: 7/10  

Review por Nuno Babo