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Reportagem: Brutus e The Christian Club @ LAV, Lisboa – 10.10.2023


Casa cheia para mais um concerto dos Brutus no nosso país. O segundo desta Unison Life Fall 2023 que passa por Portugal, a ter agora lugar no LAV, em Lisboa, depois de no dia anterior ter passado pela cidade do Porto. A acompanhá-los estiveram os The Christian Club, também originários da Bélgica.

Quem não conhecesse este duo que dá pelo nome de The Christian Club poderá ter ficado surpreso pela ausência de instrumentos em palco. Um violoncelo, um microfone e uma guitarra elétrica (tocada sem palheta), é tudo quanto é necessário para que sua música ganhe forma. De que música falamos? Algo calmo, melancólico, forçosamente alternativo e poético. O público gostou e demonstrou-o, não só comparecendo atempadamente, mas também aplaudindo cada tema interpretado. “Ignorance” e “Láppel du Vide” ficaram na retina.

Como que encarnando a expressão tantas vezes usada, “calma antes da tempestade”, este evento foi isso mesmo. Depois da serenidade dos The Christian Club, foi chegada a hora da intempérie e ela desabou com força com os Brutus. Eles são isso mesmo, uma força da natureza que tem em Stefanie Mannaerts o seu catalisador. Mesmo estando numa ponta do palco com a sua bateria, era para lá que a atenção do público era desviada, deixando o guitarrista Stijn e o baixista Peter por sua conta. É normal. Não é todos os dias que assistimos a uma banda em que o vocalista é, também ele, o baterista. Stefanie fá-lo com mestria, não comprometendo a forma como canta, ou toca.

Logo ao primeiro tema, “Liar”, deu para perceber que esta iria ser uma grande noite de música. O rock praticado por estes belgas é forte, direto e tem conquistado bastantes adeptos por todo o mundo. As salas esgotadas comprovam-no. “War” parecia ser uma das mais aguardadas. O seu começo mais brando quase não deixa antever o que vem a seguir. Houve moshpit na sala do LAV e a noite ainda estava a começar. 
Seria injusto não destacar também os outros elementos deste trio. Não só a guitarra de Stijn é um instrumento preponderante na sonoridade dos Brutus, como também o baixo de Peter, que confere uma densidade quase palpável. Tudo isto se torna perfeitamente claro em músicas, como o mais recente single do trio belga, “Love Won´t Hide the Ugliness”, outra das mais bem recebidas nesta noite, ou com “Desert Rain”, talvez aquela que mais mexeu com quem assistia. Não sendo muito comunicativa, Stefanie lá ia agradecendo ao público entre temas. Para o final estavam reservados “Sugar Dragon”, que mostra uma versão mais divertida dos Brutus e “Victoria”, que encerrou este concerto. 
Não houve lugar a encore e faltou, por exemplo, “Cemetery”, mas compreende-se. No meio de tantas malhas com qualidade, algumas precisam ser sacrificadas. O concerto, esse, foi muito, muito bom.

Texto por António Rodrigues
Agradecimentos: Prime Artists