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Entrevista aos October Tide


October Tide é uma reconhecida banda sueca de death-doom metal cujo legado duradouro tem sido esculpido desde o seu início em 1994. A banda foi inicialmente fundada por Fredrik Norrman, que tinha sido guitarrista dos icónicos Katatonia. Os October Tide passaram por diversas mudanças nos seus elementos ao longo da sua existência, mas a dedicação da banda em criar música sombria, melancólica e carregada de emoção permaneceu inabalável. Conhecidos pela sua distinta atmosfera melancólica de Doom Metal, os October Tide têm testado os limites do género. A sua música combina pesados e esmagadores riffs de guitarra com melodias profundas e letras introspectivas, criando um som que cativa os ouvintes. Com uma discografia que inclui álbuns de destaque como “Rain Without End” e “In Splendor Bellow”, os October Tide conquistaram uma base de fãs dedicados e ganharam os elogios da crítica ao longo dos anos. Agora em 2023, voltam com o seu último trabalho, “The Cancer Pledge”. “The Cancer Pledge” é um testemunho da evolução e criatividade da banda, mostrando a sua capacidade de navegar pelos cantos mais sombrios da experiência humana através da música. À medida que se aprofundam em temas de dor, sofrimento e esperança, os October Tide convidam os fãs a explorar as emoções complexas que definem a nossa existência.

Nesta entrevista, anterior ao lançamento do álbum, questionamos a banda sobre a produção de “The Cancer Pledge” e a evolução da sua jornada artística.

M.I. - O trabalho dos October Tide já existe há quase 30 anos. Muita coisa mudou e aconteceu desde a famosa Demo Tape da banda. Em retrospectiva, como se sentem ao atingir esse marco?

A primeira coisa que estou a pensar é que começo a ficar velho (risos). Não tenho bem a certeza do que estou a pensar ou a sentir, para ser honesto. Estou feliz por ter a minha saúde e por ainda ser capaz de fazer música. Ainda estar a escrever para os October Tide é, provavelmente, uma conquista, tal como, ainda existirmos depois de todas as mudanças no grupo. Talvez seja uma conquista maior do que eu imagino.


M.I. - Desde que acabaram o vosso hiato em 2010, têm lançado álbuns de forma consistente, sendo o último In Splendor Below, que teve ótimas críticas. Atendeu às vossas expetativas? Como foi a receção na vossa opinião?

No fim de contas, teve boas críticas pelo que me lembro e nós ficámos bastante satisfeitos com o álbum. Gostava que tivéssemos tido a oportunidade de o tocar mais vezes ao vivo.


M.I. - Agora há um novo álbum pronto para ser lançado, The Cancer Pledge. Poderiam explicar-nos o significado da escolha de nome?

The Cancer Pledge é um compromisso que em alguns casos nos consome por dentro, tal como um cancro. Uma obsessão destrutiva da qual não há saída possível. A canção 'The Cancer Pledge' é sobre duas pessoas nascidas sob o signo de caranguejo que se destroem com a ajuda do amor que têm um pelo outro.


M.I. - Tapestry to Our End já está disponível e é uma das músicas deste novo álbum. A tristeza, a melancolia, o som do death metal, toda a vossa identidade está presente. Com tantas mudanças desde o vosso surgimento, é difícil manter essa identidade ou isso ajuda-vos a alimentar o processo criativo?

Não é difícil manter, nós temos a nossa sonoridade e não tenho a certeza se isso será algo que possamos mudar. Mas o que tentamos fazer em cada álbum é trazer alguns elementos novos. Neste álbum podemos ouvir mais riffs inspirados no Thrash e no Death Metal. Simplificando, mais Metal.


M.I. - Nessa música vocês falam sobre “The useful constitution of elimination/Feel my passion for art”. Isso sugere uma metamorfose presente neste álbum?

Esta pergunta deveria ser respondida pelo Alex mas acredito que há uma espécie de metamorfose neste álbum.


M.I. - Num espectro totalmente diferente do álbum, Blodfattig traz um som mais thrashy. O que vos inspirou a criar esta música?

Era a isto que me referia anteriormente quando falava em acrescentar algo novo a cada album que lançamos. Eu sempre fui fã de Thrash e Death Metal, nunca estive tão interessado em Doom Metal. Portanto, trazer esses elementos para a nossa música parece ser a coisa mais natural do mundo. Esta é a fórmula que penso que iremos manter no futuro.


M.I. - Assim como Blodfattig, Ögonblick Av Nåd foi uma música em sueco incluída em In Splendor Below. Como foi a receção do Ögonblick Av Nåd e iremos ouvir ainda mais músicas em sueco a partir de agora?

Foi bastante boa, nada de soberbo mas abriu-nos os olhos de certa forma. Foi o Alex que quis tentar e o resultado foi bom. Senti quase que devíamos fazer todas as letras em sueco. Mas talvez continuemos a incluir uma faixa em sueco em álbuns futuros. Veremos o que acontece.


M.I. - Já disseram, em outra altura, que ensaiam individualmente e encontram-se no estúdio para gravar. Este ainda é o vosso processo ou a tecelagem criativa mudou nos últimos anos? Poderiam falar sobre o processo criativo por trás do The Cancer Pledge?

O processo de escrita foi como sempre fazemos. Escrevemos e gravamos individualmente nos nossos estúdios em casa e depois enviamos uns aos outros de forma a que todos tivessem a oportunidade de contribuir com ideias. O que fizemos de forma diferente desta vez foi que ensaiamos as canções antes de entrar em estúdio para gravar. Julgo que a maioria das bandas faz isso, mas nós nunca o tínhamos feito anteriormente. Penso que especialmente o Jonas (bateria) apreciou bastante, mas julgo que tenha sido bom para todos tocar as músicas antes de gravar.


M.I. - Depois de algumas mudanças de editora nos primeiros anos, a Agonia Records tem sido a vossa escolha desde Winged Waltz. O que vos fez continuar a trabalhar com eles?

Tal como as mudanças dos elementos no grupo, também mudar de editora é uma confusão. Despendemos de muita energia, portanto foi conveniente continuar o nosso trabalho com eles.


M.I. - Assim como In Splendor Below, Karl Daniel Lidén faz parte do The Cancer Pledge. O que motivou esta continuidade e que influência teve ele no vosso trabalho final?

Ele fez um trabalho fantástico com o In Splendor Bellow (ISB), portanto foi uma escolha óbvia. No ISB gravamos a bateria com o nosso amigo Alexander Backlund que também gravou e ajudou a produzir os vocais. Desta vez Karl gravou a bateria no estúdio Gröndahl que foi mais fácil para ele quando chegou o momento de misturar.


M.I. - Vocês iniciam a data da tour no mesmo dia do lançamento do álbum: 6 de outubro. Existe alguma razão específica para isso acontecer?

Não tenho a certeza se foi coincidência ou se foi tudo planeado por quem gere as marcações. Provavelmente a última hipótese.

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Entrevista por Carlos Mateus