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Reportagem: Dave Matthews Band @ Meo Arena, Lisboa – 05.05.2024



Dave Matthews e a sua banda já haviam conquistado o público português aquando das suas últimas visitas ao nosso país. O que talvez não se soubesse, é a importância que Portugal tem para o artista sul africano. Esta encerrar de tournée em Lisboa não aconteceu por acaso, foi um pedido de Dave, segundo o próprio informou.

Muito público no Altice Arena para este regresso de Dave Matthews e a sua banda. Cinco anos sem atravessar o oceano para este lado pode ser muito tempo, mesmo com pandemias e afins. O certo é que havia quem tivesse saudades e muitos fizeram questão de marcar presença. Banda de suporte, não havia. Talvez nem seja necessária, visto que os concertos de Dave Matthews band chegam quase às três horas de duração (sem intervalos). Outra das curiosidades é a variabilidade dos temas que interpreta nos seus concertos. A grande maioria dos artistas prepara uma setlist para uma tour e mantêm-se fiel a ela do primeiro ao último concerto. Com Dave, as coisas não funcionam dessa forma. Ele prepara os temas que vai tocar em cada concerto para que a ordem não se repita, havendo sempre espaço para uma surpresa, ou outra. Portugal também as teve.

O concerto começou às 20h15. A banda entrou em palco sob fortes aplausos para tocar “So Right”, que deixou logo o pavilhão rendido. A simpatia do cantor/guitarrista/compositor ajuda a isso. Ela ficou patente na primeira vez que se dirigiu ao público para explicar porque quis encerrar a tour em Portugal. “É difícil voltar a comer ovos, depois de se ter experimentado caviar”, referiu. Os temas interpretados são autênticas histórias, basta atentar nas letras. Dave Matthews é um contador de histórias, como o prova, por exemplo “Walk Around the Moon”, escrita durante a pandemia, segundo revelou.

Algo delicioso de assistir são também as transformações efetuadas nos temas, quando tocados ao vivo. Uma música de quatro minutos ganha facilmente mais cinco, ou seis, fruto das viagens instrumentais em que somos levados. Por vezes parece que já nem estamos a ouvir o mesmo tema, mas eis que a banda regressa a ele como se nunca o tivesse interrompido. “Crush” espelha bem o que referi. Com solos de guitarra, saxofone e trompete pelo meio. Todos os músicos tiveram a sua oportunidade para mostrar os seus dotes artísticos e importa referir que se encontravam sete em palco. “Everyday” foi imediatamente reconhecida aos primeiros acordes e todo o pavilhão fez questão de a cantar. Os isqueiros acesos e as luzes dos telemóveis trouxeram ainda mais magia àquele que foi dos momentos mais bonitos da noite.

Após uma atuação de mais de duas horas a banda abandonou o palco. Quem já assistiu a um concerto de Dave Matthews sabe que não é tempo suficiente, ele e a sua banda são também conhecidos pelas longas atuações. Como Dave também tinha direito ao seu solo, eis que regressou, apenas acompanhado pela sua guitarra, para tocar “Dreamgirl” e “Rye Whiskey”, esta última, um original de Tex Ritter. Foi já com todos os elementos em palco que pudemos ouvir “The Last Stop”, este sim, o tema final que concluiu uma atuação de duas horas e trinta e cinco minutos. Coisa pouca.

Texto por António Rodrigues
Fotografias capturadas e gentilmente cedidas por João Padinha (Everything Is New)
Agradecimentos: Everything Is New