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Scanner - "The Cosmic Race" Review


Nos últimos tempos tenho-me apercebido do regresso de algumas bandas que tiveram o seu período áureo nos anos 80. Além destes senhores também os alemães Vendetta regressaram com um trabalho muito interessante em 2023.

Estou em querer que tem a ver com o facto de cada vez mais pessoas se preocuparem em perscrutar o passado, sem se deixarem limitar por algoritmos, ou por uma certa preguiça intelectual que apenas possibilita ouvir aquilo que toca na rádio, nas playlists de um qualquer serviço de streaming, ou nas redes sociais.

Depois de alterarem o seu nome de Lion’s Breed, dos quais este humilde escriba tem o único e excelente álbum de estúdio intitulado Damn the Night (com uma capa demasiado glammy, para a sensibilidade dos polícias de internet da atualidade), já como Scanner gravam 2 trabalhos na década de oitenta, Hypertrace de 1988 e Termina Earth de 1989, que são hoje considerados clássicos do Power Metal Alemão. Não estou a dizer que estão ao nível de um Keeper of the Seven Keys ou Restless and Wild (sejamos honesto isso não seria de todo concebível), mas são trabalhos sólidos, com uma sonoridade muito personalizada e substituem a as fadas e as poções mágicas por uma temática alicerçada na ficção científica.

Da banda original só conta nas suas fileiras com o guitarrista Alex A.J. Julius, mas este músico neste que é o sétimo álbum de estúdio, tem um naipe de ilustres desconhecidos a trabalhar com ele, que trazem ao som da banda uma acutilância e intensidade muito apelativa. Algo similar ocorreu com os Judas Priest após a saída de K.K. Downing e Glenn Tipton (neste caso ao vivo, pois o músico ainda está bastante envolvido nas questões da banda e aparece em algumas atuações ao vivo, quando a sua saúde o permite). No sentido contrário temos a formação dos Iron Maiden, que é a mesma há praticamente 25 anos e na minha honesta opinião já têm uma sonoridade muito cansada e que pouco ou nada tem a ver com o passado glorioso da Dama de Ferro. Não estou com isto a dizer que as bandas devem gravar sempre o mesmo disco, mas há que manter um equilíbrio entre o experimentalismo e o som clássico de uma banda. 

O grego Efthimios Ioannidis dá provas de ser um vocalista poderoso, com uma voz muito personalizada (característica que desafortunadamente escasseia nos vocalistas da atualidade), e também é capaz de fazer guturais em determinadas porções do disco. Boris Frankel é um baterista eficaz, sem ser um virtuoso, não compromete o som da banda e executa na perfeição o que a música pede. Jorn Bettentrup é um excelente baixista na esteira de outros grandes intérpretes alemães deste instrumento como Peter Baltes ou Francis Buchholz.

Somando isto tudo o que temos é um trabalho sólido que vai sem dúvida satisfazer os apreciadores de Power Metal alemão. Um disco bem tocado, extremamente bem cantado, com uma produção solida e equilibrada, com espaço para todos os instrumentos serem audíveis e acompanharem a voz bastante capaz do vocalista. Bons solos de guitarra, coros orelhudos e arranjos orquestrais escassos, mas aplicados com mestria.

Nota: 7/10

Review por Nuno Babo