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Reportagem: King Gizzard & the Lizard Wizard e Etran de L´aïr @ Coliseu dos Recreios, Lisboa – 19.05.2025



Projeto audacioso, o destes australianos. Confesso que eu próprio achei que três concertos seguidos no Coliseu dos Recreios, alguns em dias de semana, pudesse ser demasiado arrojado. O que é certo é que a primeira data esgotou, a segunda esteve muito perto disso e a terceira deverá seguir a mesma tendência, provando que os King Gizzard & the Lizard Wizard (KGLW) são um verdadeiro fenómeno.

Numa noite em que a fusão musical era a marca, porque não convidar para a primeira parte uma banda que combina sonoridades africanas com rock? Os Etran de L´aïr ofereceram isso mesmo. Oriundos da Nigéria, tiveram um Coliseu cheio a aguardar pelo seu concerto neste regresso a Portugal. O quarteto interpretou, tal como era expetável, uma setlist diferente nesta segunda noite e a sua meia hora de atuação foi do agrado da sala, motivando fortes aplausos a cada música.
O nome da digressão diz tudo: Europe Residency Tour. Foram três dias seguidos pontuados por concertos destes músicos australianos, o que não é muito comum no nosso país. Com uma sonoridade que engloba tantos estilos musicais em volta do rock, esta é uma banda que pensa em grande. Basta atentar na sua extensa discografia para perceber que existe muita imaginação também no que se refere à composição. Cinco álbuns por ano coloca-os ao nível do malogrado Frank Zappa, no que respeita à criatividade.

Pelas 22h00, o público já chamava pela banda. Muitos estavam ali pelo segundo dia consecutivo, outros iriam mesmo fazer o pleno e acompanhá-los nestas três noites. Foi um verdadeiro libertar de energia que se sentiu na sala quando os elementos tomaram o seu lugar e começaram a ouvir-se os primeiros acordes de “Iron Lung”. Cedo se percebeu que, para além de um alinhamento diferente, os temas foram também executados de forma original, sendo comum ouvirmos trechos de outras músicas inseridos nas que estavam a ser interpretados. Com tantos elementos em palco, foi interessante ver também que muitos deles participam com a sua voz em diversas músicas.
A agitação que se sentia na sala ainda subiu quando chegou a vez de “Supercell”. Das bancadas foi percetível o frenesi que este forte tema provocou na plateia. Os fãs dos KGLW são muito fiéis. Viam-se inúmeras t-shirts da banda e muitos temas eram cantados também por eles. Dois deles foram mesmo convidados a subir ao palco e tiveram a oportunidade de mostrar as suas aptidões guturais no microfone de Stu.

Não era apenas o público que estava a disfrutar, a banda estava também agradada e foi sem surpresa que este concerto se estendeu por duas horas. Com a enchente que se verificou ao longo destes três dias, podemos falar em sucesso e esperar que os KGLW regressem em breve a Portugal. Para a despedida, “Le Risque”, num espetáculo que ninguém queria que terminasse.


Texto por António Rodrigues
Fotografias por Graziela Costa
Agradecimentos: Everything Is New