Todas as modas acabam por enjoar e por na prática não nos trazer nada de novo. Se a motivação das regravações acaba por ser sempre discutível, havendo sempre a justificação por parte da banda, “os fãs assim o exigem” e o argumento da crítica, “ganhar mais uns cobres, viver à sombra do passado” e por aí fora. A verdade é que não acompanho suficientemente perto os Tarot para me aperceber se este lançamento é justificado ou não. Apenas sei que os Tarot já existem desde a segunda metade dos anos oitenta, que foram formadas pelos irmãos Hietala e que só ganharam notória visibilidade internacional após quem um deles, Marco Hietala, vocalista e baixista, ingressou nos Nightwish. Recuperar o primeiro álbum, com um som mais poderoso, poderá ser uma boa forma de introduzir o passado aos novos fãs. E realmente o som é poderoso e a roupagem moderna favorece, em grande parte, as músicas. Houve umas mudanças de letras em alguns temas, inclusive na faixa título e também uns novos arranjos na voz, já que a formação actual conta com um segundo vocalista, Tommi Salmela, que ao vivo trata também dos samplers. A voz de Salmela faz lembrar o Udo (dos Accept) e acaba por interagir bem com Marco e há momentos realmente bem conseguidos – como a emocional e consideravelmente mais lenta em relação ao original, “Love’s Not Made For My Kind”, a “Wings Of Darkness” e a faixa de abertura “Midwinter Nights”, que são das faixas mais marcantes do álbum e talvez da carreira deles. Há aqueles temas, no entanto, que servem apenas para fazer número (“Pharao” e “De Mortui Nisi Bene, tendo este último tema sido transformado em peça acústica que não favoreceu em nada. Ficou engraçado mas muitos furos abaixo do original e acaba por soar deslocado do resto dos temas).Em jeito de conclusão, o resultado final é uma desgraça? Não.Precisávamos todos deste álbum, nós, os fãs, os outros músicos, o heavy metal, o mundo, o sistema solar e toda a criação, desta regravação? De certeza que não. Não acrescenta nada ao estilo em que se insere já que o álbum original, não passa da mediania e portanto não acredito que houve uma demanda popular por estes temas com uma roupagem mais moderna. Também não acrescenta em nada à discografia já algo extensa do colectivo finlandês e serve tanto (ou talvez menos) que um álbum de covers. Deverá ser visto apenas como uma curiosidade e apenas como isso. Nada mais.Nota: 5.5/10
"The Spell Of Iron MMXI" track list:
01. Midwinter Nights02. Dancing On The Wire03. Back In The Fire04. Love's Not Made For My Kind05. Never Forever06. The Spell Of Iron07. De Mortui Nisi Bene08. Pharao09. Wings Of Darkness