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Sepultura - "Kairos" Review

Não sei quantos fãs de Sepultura, aqueles que já o eram antes da entrada de Derrick Green, ainda acompanham a banda. Após alguma desilusão com a evolução da sua carreira, há quem continue a aguardar por um álbum explosivo num dia qualquer de nevoeiro. Acontece que além de perder um frontman de qualidades inegáveis, também perdeu um bom compositor, como se pode verificar na carreira sólida de Soulfly e até de Cavalera Conspiracy. Embora Green não comprometa na voz, o que oferece na composição não se pode comparar ao seu antecessor, sendo que as honras da casa caiem sobretudo em Andreas Kisser.

É neste contexto que é lançado “Kairos”, novo álbum, o primeiro para a toda poderosa Nuclear Blast e que tem como chavão de marketing as seguintes frases, e passo a citar, “The Iconic band explored their roots and managed to transport the sheer brutality of classic albums like “Beneath The Remains” and “Arise” in 2001! More bloody roots than ever…” Ok… MEDO!

Sempre que há um suposto regresso às origens, há uma grande decepção como consequência. Relembro assim de repente “St. Anger” e “Reinventing The Stell” dos Metallica e Pantera, respectivamente. Como se não bastasse ao fã ter sobre si toda a carga que mencionei no primeiro parágrafo, o marketing da editora ainda piora tudo e eleva a fasquia ainda mais um pouco. Será possível manter uma mente aberta e imparcial depois disto?

A música ajuda. Como seria de esperar não temos aqui nada da fúria death/thrash de “Beneath The Remains” e de “Arise”, mas também ninguém no seu perfeito juízo iria esperar isso, ou acreditar no marketing. Esquecendo o passado e ouvindo o álbum por aquilo que é, não se pode afirmar que seja um mau álbum. Não é perfeito – a escolha de “Spectrum” para faixa de abertura é muito discutível e há algumas faixas mais fracas (o que significam as “2011”, a”1433” e a “4648) além de serem uma simples perda de 90 segundos (30 segundos cada uma) da vida do ouvinte?) onde se inclui a cover dos Ministry, “Just One Fix” que não acrescenta nada ao original e também não tem qualquer impacto (nem negativo nem positivo) no álbum como um todo. No entanto, também há faixas muito boas, como “Dialog” e “Mask”, faixas empolgantes que embora não façam esquecer o passado, permitem que nos concentramos mais no presente. E o presente mostra uma banda empenhada numa luta que provavelmente nunca irá ganhar – atingir os tempos de glória do passado. Derrick Green está monstruoso, como sempre aliás – o problema nunca foi a sua prestação vocal; a bateria está bem entregue a Jean Dolabella, que mesmo não sendo Igor Cavalera a bater nas peles, tem bons pormenores como na “Born Strong” e na faixa título; Paulo Jr. Assegura com discrição o baixo como já vem sendo hábito; e Andreas Kisser está bem mais… aventureiro, a largar leads e solos de qualidade invejável, afastando por mais algum tempo o fantasma da necessidade de ter mais uma guitarra. Bem, pelo menos até começarem a rodar algumas faixas daqui ao vivo.

Uma nota especial para a faceta world music que se tornou uma trademark desde as intros de “Arise”. O que se notou na segunda fase da banda foi haver uma tentativa consciente de tentar reproduzir esses momentos world music e ficava sempre a sensação de ser algo forçado. Aqui isso não acontece, principalmente na música final, pelo menos digna desse nome, “Structure Violence (Azzes)”, surgindo totalmente integrada no seguimento do álbum.

Sendo assim, “Kairos” é uma boa perspectiva para o futuro e um bom álbum para aqueles que conseguem passar por cima do nome que está na capa e com todo o peso que esse nome acarreta.

Nota: 7.2/10

"Kairos" track list:

01. Spectrum
02. Kairos
03. Relentless
04. Just One Fix (cover de Ministry)
05. Dialog
06. Mask
07. Seethe
08. Born Strong
09. Embrace The Storm
10. No One Will Stand
11. Structure Violence
12. Firestarted (cover The Prodigy) (bónus - ed.deluxe)
13. Point Of No Return (bónus - ed.deluxe)

Myspace oficial: http://www.myspace.com/sepultura
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Review por Fernando Ferreira