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Anthrax - "Worship Music" Review

O que raio aconteceu?! É o que dá vontade de perguntar em voz alta após a primeira audição de “Worhsip Music”. O último álbum forte já data de 1993 – Sound Of The White Noise - e já é tempo demasiado com álbuns fracos (na sua generalidade) onde apenas se aproveitam três ou quatro temas, com compilações, álbuns ao vivo, regravações. Sinceramente, já havia pouca esperança para esta banda clássica que toda glória parecia residir no seu passado mais longínquo. O anterior “ We’ve Came For You All” não foi o regresso em força que se esperaria e desde daí (2003) a música nova teimou a surgir.

2011 – uma intro desnecessária mas que se enquadra com começar das hostilidades de “Worship Music” com “Earth On Hell” e o seu início algo atabalhoado. Passado um minuto e meio, já se está agarrado mas aqueles primeiros instantes chegam para se temer pelo pior. O que nos vai mantendo agarrados, não são os riffs bem sacados ou os bons solos que aparecem em todas as músicas. O que faz a diferença é mesmo a força dos refrões, que se colam na testa, por dentro e por fora e não saem nem com a força dos abanões que a cabeça é forçada a dar. As duas faixas seguintes “The Devil You Know” e “Fight ‘Em Til You Can’t” elevam este conceito ao cubo, multiplicando posteriormente por mil. Estas duas músicas são hinos que têm lugar no meio de clássicos como “I Am The Law”, “Only” e “Be All, End All”. Só por estas duas faixas, a compra do CD já está assegurada para qualquer fã da banda ou até mesmo de música pesada em geral. Até se perdoa o gamanço descarado ao riff principal da música “Gridlock” (do álbum clássico Persistence Of Time) na “Fight ‘Em Til You Can’t”, afinal também foi escrita por eles. O início calmo da “I’m Alive faz voltar os receios e pensar “Ok, agora vem a balada manhosa”. Nada mais errado. Temos mais um riff viciante e um refrão que tanto de orelhudo como o Spock. Juntando a um solo de guitarra viciante, está escolhida mais uma faixa obrigatória para tocar ao vivo.

A intro “Hymn 1”, uma pequena peça de cordas também poderá parecer desajustada, mas faz todo o sentido antes de mais um hino, “In The End” que reduz a velocidade mas mantém o groove e a qualidade dos refrões em alta. “Como é possível tanta coisa boa seguida?!” pergunta, certamente, o ouvinte despreparado para tal banho de metal de qualidade. “Giant”, ao contrário que o nome indica é uma malha pequena mas forte, com um ritmo frenético e com a voz de Belladonna. Por falar no vocalista, o regresso de Belladonna parece ter sido usado muitas vezes como forma de capitalizar o dinheiro – no álbum ao vivo de reunião com a sua formação mais clássica e no best of em que surge numa música a cantar em conjunto com John Bush – e é certo que o seu regresso (mais uma vez) pode não ter gerado de imediato o entusiasmo esperado devido à triste história de mudança de vocalistas nos últimos tempos (Bush sai devido à reunião, Belladonna sai, Bush quase que volta e depois aparece um Dan Nelson que também não se aguentou) mas a sua prestação aqui é completamente irrepreensível. Voltou como se nunca tivesse saído.

Mais uma intro “Hymn 2” que tal como as anteriores, complementam o inicio da faixa seguinte que neste caso é a homenagem aos Judas Priest com o título… “Judas Priest”. Mais uma vez os alarmes soaram porque além de à partida a ideia ser um provável código postal para o desastre, a sugestão da ideia da clássica banda de heavy metal britânica pode elevar a fasquia para níveis insuperáveis. Incrível ou não, é também ela uma grande faixa, com um grande refrão e um trabalho de guitarra, mais uma vez exemplar.

O momento mais calmo vem na forma de “Crawl” que mesmo assim, julgo que não pode ser considerado uma balada. Aquele início dá-me uma enorme sensação de déjà vú, mas assim que a distorção começa, é Anthrax puro e daquele que também fica no ouvido até morrer, com direito à participação aos elementos de cordas presentes em “Hymn 1”. “The Constant” faz com que pareça que os ânimos estão a arrefecer até surgir o refrão e o que aconteceu anteriormente volta a acontecer. Vício puro num refrão que apetece ouvir até à exaustão, onde até o riff inicial, gordo e simples ganha uma nova vida. A fechar o álbum surge a intensa “Revolution Screams” que faz com que o álbum termine com um estrondo. Terminar… mais ou menos, porque depois de alguns minutos de silêncio surge uma cover dos Refused com um certo ritmo rap, mas nada perto da “Bring The Noise” ou de “I’m The Man”, tendo um teor bem mais metálico que as duas, no entanto, a sua inclusão, mesmo que às escondidas, era dispensável.

Para se ter um termo de comparação, este regresso dos Anthrax supera todos os restantes Big Four (ou seja, “Death Magnetic” dos Metallica, “World Painted Blood” dos Slayer e “Th1rt3en” dos Megadeth) e é um dos fortes candidatos a álbum do ano, sem sombra de dúvidas.

Nota:
9.5/10

"Worship Music" track list:

01. Worship (intro)

02. Earth On Hell

03. The Devil You Know

04. Fight 'Em Til You Can't

05. I'm Alive

06. Hymn 1

07. In The End

08. The Giant

09. Hymn 2

10. Judas Priest

11. Crawl

12. The Constant

13. Revolution Screams

Website oficial: http://www.anthrax.com/


Review por Fernando Ferreira