About Me

Russian Circles - "Empros" Review

Eis chegado o momento em que os Russian Circles voltam às edições discográficas. Para quem não sabe, «Empros», o título escolhido para o seu quarto longa-duração, surgiu nos media sob a inspiração de nomes como Swans ou Neurosis e com a insígnia de que seria o disco mais pesado da carreira, o que a julgar por aquilo que é possível escutar, esta é uma verdade difícil de negar.

À semelhança do seu belíssimo antecessor de 2009, «Geneva», um registo que lhes deu maior exposição e abriu muitas portas, valendo, inclusivamente, o regresso do trio de Chicago ao nosso país para actuações ao vivo, este novo álbum de originais continua a ser constituído por composições instrumentais, ondulando com frequência e de forma muito hábil os universos do post-metal e post-rock. Pese embora o facto da música do trio, constituído por Mike Sullivan (guitarra), Dave Turncrantz (bateria) e Brian Cook (baixo), ter evoluído para um nível mais pesado - como é facilmente constatado no opressivo tema “309” -, este quarto álbum sustenta uma dimensão musical bem mais completa, complexa e densa, um patamar que nunca foi alcançado com os seus antecessores.

Ainda assim, e não obstante todos os executantes mostrarem-se exímios no desempenho das suas funções, é no baixista Brian Cook que reside uma das mais-valias de «Empros, senão a mais eloquente. Espalhando inspiração um pouco por todo o disco, a sua performance é bastante contundente e concedeu outros argumentos à música dos Russian Circles, muito por culpa da forma afincada e inteligente como ganhou protagonismo.

São vários os momentos notáveis em todo o disco, mas com especial incidência em “309”, "Mladek" (o primeiro single e a faixa mais melódica do disco), "Atackla" e "Batu" são apenas outros dos pontos divinais do disco que merecem incontáveis audições. Somos ainda brindados com “Schiphol” e"Praise Be Man" - os temas que revelam a faceta mais delicada e calma de «Empros» - e é precisamente no segundo caso que consta a grande surpresa do disco: a utilização de vocais no universo dos Russian Circles, cortesia do baixista.

«Empros» trata-se, portanto, de um dos pontos altos da carreira deste trio, onde pouco mais de quarenta minutos bastam para provar que a qualidade de execução e de composição evidenciada não dará grande azo a críticas negativas. Muito pelo contrário, é um disco enérgico, ambicioso, tremendamente fluente, que representa uma manifestação sonora que resulta, fundamentalmente, da consolidação que tem vindo a verificar-se ao longo dos seus 4 trabalhos. E esse é, porventura, o melhor elogio que se lhes pode fazer.

Nota: 8.6/10

Review por Frederico Eduardo