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Cannibal Corpse - "Torture" Review



O que é que uma banda como os Cannibal Corpse tem em comum como, por exemplo, os Metallica, Slayer ou os Gojira? Não, não vamos falar de semelhanças sonoras, pois essas não existem. Mas se dissermos que eles são daquelas bandas que o ouvinte do género está a aguardar ansiosamente pelo novo lançamento discográfico da banda, aí já estamos mais perto da realidade. Quem é um seguidor da banda, pode dizer que nunca ficou desiludido com um disco deles, pois sabem perfeitamente que os Cannibal Corpse sempre serão os Cannibal Corpse, independentemente daqueles que ficaram parados no tempo e continuam a dizer que esta banda era muito melhor quando Chris Barnes ocupava o posto de vocalista.

É incontornável a história dos seus primeiros quatro discos, definidores de um género e marcos mais que importantes para o death metal. Foram esses quatro lançamentos que definiram o que os Cannibal Corpse são hoje e é à custa deles que são famosos (esse termo existe no death metal?). "Butchered at Birth" e principalmente "Tomb of the Mutilated" e "The Bleeding" colocaram os Cannibal Corpse na primeira linha do death metal mundial e um dos seus principais timoneiros. Os discos que se seguiram também tiveram a sua importância, principalmente os últimos "Kill" e "Evisceration Plague". No entanto, nunca tiveram aquele factor "x" que os primeiros tinham. Parecia que faltava qualquer coisa...

O novo disco da banda de Buffalo, "Torture", apresenta logo à partida dois aspectos a destacar: o primeiro é que este é o 12.º (!!!) lançamento da banda, o que por si só é um feito a todos os níveis notável. O segundo é directamente relacionado com o primeiro. Quando uma banda está quase à 25 anos a lançar discos de death metal, num meio onde dezenas de discos de dezenas de novas bandas são lançados todos os meses, é mais que natural (e compreensível) que a qualidade diminua com o passar do tempo. Isso aqui não acontece. Quem acompanha a carreira da banda desde o início, tal como este vosso escriba, tem um conhecimento muito vasto sobre o que a banda já fez ao longo dos anos. Não existe nenhum disco dos Cannibal Corpse que seja fraco ou aborrecido. Muito dos seus pares tiveram esse problema (não vale a pena falar em nomes, quem conhece a cena sabe quem eles são), mas este quinteto soube sempre escrever música bruta, mas com qualidade. E este novo disco não é excepção.

O que os Cannibal Corpse nos apresentam neste disco é um novo conjunto de doze temas de death metal com a marca já muito conhecida desta banda. Marca essa que os acompanha desde início e que é perfeitamente reconhecivel. A característica voz de George "Corpsegrinder" Fisher, as guitarras abrasivas de Pat O´Brien e Rob Barrett e a secção rítmica composta por Alex Webster e Paul Mazurkiewicz constituem uma arma letal, a disparar por todos os lados, mas sempre certeira. Quer nos temas mais rápidos quer nos mais lentos, este disco segue um caminho sempre muito a direito, muito coerente, sendo difícil apontar pontos baixos no mesmo.

"Torture" é, de alguma forma uma continuação lógica no que a banda tem feito nos últimos anos. No entanto, nota-se aqui uma banda ainda com mais gás e poderio, e isso nota-se nos temas. Mais consistentes, mais dinâmicos e raivosos, os Cannibal Corpse não precisam de mostrar que o death metal é apenas "blastbeat". A dose certa de peso, velocidade e capacidade de execução são apenas alguns das capacidades necessárias para se escrever um bom disco do género. A introdução de solos um pouco a lembrar os Slayer torna este trabalho mais atractivo, mostrando que mesmo para uma banda com quase 25 anos de carreira ainda existe a palavra "variedade".

A brutalidade violenta de "Demented Aggression", o meio-tempo de "The Strangulation Chair" e a lentidão de "Scourge of Iron" são apenas alguns dos exemplos entre estas doze novas malhas, uma vez mais produzidas por Erik Rutan nos seus Mana Studios. No entanto, a variedade e intensidade que os Cannibal Corpse nos apresentam neste disco são muito mais que isso. Mostram uma banda no pico da sua forma e, mais importante, no topo do trono do death metal. Um forte candidato ao disco do ano no género. Aliás, não é sempre assim que acontece quando esta banda lança um disco?
Altamente recomendado.


Nota: 8.5 / 10

Review por João Nascimento