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Especial Paradise Lost - Nick Holmes e Gregor Mackintosh falam sobre o novo álbum

Apesar de estarem momentaneamente indisponíveis para entrevistas, a Century Media disponibilizou-nos umas questões e respostas aos Paradise Lost sobre o novo álbum “Tragic Idol, para que os fãs da banda em Portugal possam ficar mais elucidados sobre o mesmo. Abaixo pode ser visto também o videoclip oficial de "Honesty In Death", o primeiro tema do novo álbum a ser conhecido. Relembramos que o disco sairá já no próximo dia 24 de Abril, através da editora supracitada.

Relativamente ao álbum “Tragic Idol”, a imprensa tem feito várias alusões á época de Draconian Times/Icon. Aliás, muitos têm-no considerado um regresso às origens. Como é que vos sentis sabendo que já passou uma década desde o lançamento dos álbuns experimentais “Host” e “One Second” e tendes lançado álbuns numa onda mais gótica e doom desde então?

Nick Holmes: Nós nunca dissemos que era nossa intenção voltar ao nosso som original. Na minha opinião, o nosso som está constantemente a evoluir e, pelo menos, as pessoas estão a comparar-nos com nós próprios, em vez de sermos comparados a outras bandas! Nós nunca parámos e não é fácil fazer uma retrospectiva mas talvez seja detectável a mesma influência que havia nos primeiros álbuns, tal como elementos de doom, que deixámos de usar durante algum tempo, e que agora estão novamente presentes, principalmente nas guitarras e talvez seja a isso que as pessoas se referem.

Gregor Mackintosh: O som de “Tragic Idol” tem a sua essência em “Draconian Times” e “Icon” e os fãs estão-se a aperceber disso. Nos últimos cinco ou seis anos, tenho ouvido dizer que os Paradise Lost estão a voltar às origens, mas é uma expressão absolutamente horrível, na minha opinião. Considero que há semelhanças entre algumas faixas do novo álbum e algumas de “Draconinan Times” e “Icon”. Quando estávamos a escrever “Tragic Idol” eu fiz questão de esmiuçar tudo ao mais ínfimo pormenor e o resultado é um álbum muito simplista.

A excitação criada em torno de “Tragic Idol” demonstra que os fãs de Paradise Lost já aguardavam um álbum deste calibre há muito tempo. É quase como se estivessem a dizer “Finalmente! Já era sem tempo!”

Nick: Não podíamos ter feito isto logo a seguir ao “Draconian Times”. E a época em que lançámos o “One Second” e “Host” foi de aprendizagem da arte de escrever letras e foi uma questão de as transformar em metal. Nós aprendemos com cada álbum e evoluímos a partir daí. Se nos tivéssemos separado, reformado e fizéssemos um álbum, talvez olhássemos para a nossa discografia e tentássemos repetir o que já tínhamos feito mas nós não funcionamos assim.

Greg, referiste que o novo álbum é baseado em heavy metal em vez de metal gótico ou doom. Como decidiste seguir nessa direcção ou foi uma decisão inconsciente?

Gregor Mackintosh: Nunca perdes contacto com o que ouvias quando eras adolescente. Essas coisas acompanham-te sempre, quer te agrade ou não (risos). Quando começámos a trabalhar neste álbum houve algumas reminiscências e por isso é que ele soa assim. Penso que algum do material no novo álbum é uma espécie de ataque à cena metal moderna, porque, hoje em dia, soa tudo igual, o que é irritante. A produção, na maior parte dos álbuns, tem o mesmo som de bateria, a mesma voz, o mesmo tudo. Quando começámos com “Tragic Idol”, eu e o Nick falámos que era preciso recuar trinta anos para fazer algo refrescante no metal. É frustrante mas, de certa forma, agarrámos nessa nostalgia e pusemo-la num contexto moderno.

Muitos dos novos temas parece que foram criados e arranjados tendo o palco em mente. Foi esse o caso?

Gregor Mackintosh: Quando escrevemos “Tragic Idol” tivemos o cuidado de ver que guitarra tocava que parte pois não queríamos demasiados sons. Queríamos que os temas soassem como soam quando os tocamos na sala de ensaios. O que as pessoas identificam no som de Paradise Lost é que o Aaron Aedy (guitarras) e eu não tocamos as mesmas coisas. Fazemos o que os The Cult faziam e isso influenciou-me. Trabalhámos assim neste álbum e tentámos fazer as coisas o melhor que podíamos.

“Tragic Idol” é o 13º álbum de Paradise Lost. Foi fácil ou difícil arranjar material? Com tanta história, assume-se que seja cada vez mais complicado reinventar-vos e fazer cenas interessantes.

Nick Holmes: Cada vez que lançámos um álbum, acho que já não conseguiremos lançar outro. Podes ter ideias, mas ter boas ideias é mais difícil. A maioria das ideias que tivemos para este álbum – e tivemos imensas – eram horríveis mas, eventualmente, encontrámos algumas que funcionavam. Por experiência, eu tive uma ideia e mantive-me com ela até ao fim mas tenho de as explorar durante um dia ou dois a ver se realmente funcionam. Eu costumo fazer o teste dos três dias; se escrever uma canção, não a ouço durante três dias e depois ouço-a como se estivesse a ouvir uma nova canção ou uma nova banda. E assim saberei instantaneamente se é boa ou não. Nós basicamente funcionamos assim. Nós somos profissionais, não somos amadores de fim de semana e tentamos ao máximo que as coisas funcionem bem, porque elas irão ditar o que faremos nos dois anos seguintes. Se fossemos uma banda de garagem com um concerto ocasionalmente, com certeza não nos esforçaríamos tanto.

Gregor Mackintosh: Para o Nick, eu penso que liricamente foi difícil porque as letras foram escritas de uma perspectiva muito pessoal, mas, para mim, a música simplesmente encaixou que nem uma luva. Em parte aconteceu porque eu sabia exactamente o que queria. Eu tive um projecto no ano passado e isso ajudou-me a concentrar e a ter uma ideia mais precisa do som que queria para Paradise Lost neste álbum. Fez-me compreender o que devia e não devia fazer parte da música de Paradise Lost. Algumas músicas escreveram-se por si mas outras foram mais complicadas de escrever. Como álbum, este foi um dos álbuns em que estivemos mais concentrados e focados.

Nick Holmes: Escrevi todas as letras para “Tragic Idol” depois de escrever todas as melodias. Por norma faço-as em conjunto e depois arranjo o que tenho a arranjar, por isso foi mais difícil trabalhar assim. Analisei muito mais do que costumo analisar. Quanto aos temas abordados, voltei a escrever sobre as cenas que já escrevo há vinte anos, apesar de usar uma perspectiva diferente pois quando tinha 21 anos via as coisas de modo diferente do que vejo agora que tenho 41. Não drasticamente diferentes, mas um bocado aqui e outro ali.

Os Paradise Lost praticamente foram os criadores do género “gothic metal” mas, hoje em dia, o que tocam não tem nada a ver com as bandas do século 21 que encaixam nessa categoria. Qual é a vossa opinião sobre seres praticamente forçados a usar essa “etiqueta” nesta fase da vossa carreira?

Gregor Mackintosh: Quando o criámos tínhamos um certo estilo mas agora já não está nas nossas mãos e transformou-se noutra coisa. Agora já nem sei o que é (risos). Se perguntares na rua a um adolescente o que é gothic metal, ele dir-te-á que é Marylin Manson, Nightwish ou algo parecido.

Nick Holmes: Nós encaixamos nessa categoria há tanto tempo que, realmente, hoje em dia, o significado de gothic metal é completamente diferente. É quase como os Venom que inventaram o termo black metal e não tem nada a ver com o black metal de hoje em dia. A nova geração não tem noção disso. Eu ultrapassei essa cena da categoria há dezoito anos (risos). Se formos para a América onde somos menos conhecidos, então o termo gótico é usado em excesso. Não tenho opinião formada sobre isso, mas acho que ou gostas da música ou não gostas. Se alguém me pedisse para descrever o som de Paradise Lost, eu usaria o termo “gothic metal” porque fomos nós que o inventámos. (risos)

Vídeo de "Honesty In Death"



Tradução por Sónia Fonseca
Disponibilizado pela Century Media