
Quadvium é um projecto que necessita de algum enquadramento para ser analisado, tratando-se de uma colaboração entre dois baixistas: Steve DiGiorgio (ex-Death, ex-Sadus) e Jeroen Paul Thesseling (ex-Obscura, ex-Pestilence); ambos são conhecidos por usarem o baixo fretless, um instrumento popularizado no death metal por Sean Malone dos Cynic no início dos anos 90 do século passado. 
Ora, este tipo de colaboração entre dois baixistas é um caso raro no universo do metal, pelo que se trata também de um desafio para os instrumentistas envolvidos. Por exemplo, o primeiro single com direito a vídeo, “Nastrond”, envolve diversas texturas criadas pelos instrumentos das bandas, sempre com os baixos muito presentes na mistura. 
O tema “Moksha” abre o álbum com a guitarra de Eva a lembrar o som de Sarah Longfield, com uma certa melancolia, até que entram os dois baixos em registos diferentes, desempenhando papéis bem definidos: um foca-se no registo mais grave enquanto o outro tem uma aproximação mais melódica e num registo mais médio/agudo em termos de timbre.
Do ponto de vista sonoro, o som dos Quadvium aproxima-se de bandas e artistas como os Vipassi, Sarah Longfield, Cynic, Changeling e até Falujah, para mencionar alguns. Trata-se de uma abordagem complexa à música em que nenhum instrumento está parado muito tempo, sentindo-se uma certa urgência nos riffs que constituem cada tema.
Com o recurso a outros instrumentos, como o piano perto do final de “Moksha”, a banda quase consegue, por vezes, ir além de um simples showcase das possibilidades sonoras que podem surgir da colaboração de dois baixistas fretless. Nesse aspecto, a multi-instrumentista Eva é uma peça central para manter a coesão sonora em Tetradom. Nomeadamente em temas como “Ghardus”, onde os baixos trocam solos entre si e a guitarra, assim como os sintetizadores, criam uma sólida base harmónica.
A bateria encontra também o seu destaque nos finais de “Apophis”, assim como no início de “Ghardus”, mostrando que a escolha de Yuma van Eekelen para o papel foi acertada, nomeadamente na forma como vai reagindo aos riffs dos outros instrumentistas ao longo do álbum. 
Infelizmente, apesar da coesão sonora nos temas e na forma como estão interligados, fluindo naturalmente, o álbum sofre por falta de variedade em termos de dinâmicas nos temas; a título de exemplo, “Adhyasa” e “Sarab”, o quinto e sexto tema, respectivamente, encaixam perfeitamente entre si, mas demonstram pouca variedade em termos melódicos, o que dá ao ouvinte a sensação de que está a ouvir um tema dividido em diferentes secções ao invés de estar a ouvir dois temas distintos. Quando chegamos a “Eidolon” que encerra o disco existem alguns apontamentos melódicos que remetem para o primeiro tema, “Moksha”, o que reforça a tese de que parecemos estar a ouvir um disco que se trata de um tema único dividido em faixas distintas.
Concluindo, Tetradom explora as possibilidades da colaboração entre dois baixistas de alto calibre, Steve DiGiorgio e Jeroen Paul Thesseling, mas falha em estabelecer-se como um álbum com uma identidade própria, culminando numa demonstração do talento dos instrumentistas envolvidos, primeiro, deixando para segundo plano as composições como algo que se distinga uma das outras. Por outras palavras, o talento dos instrumentistas nunca é posto em causa ao longo da duração do álbum, mas sim a qualidade das composições como canções, algo que encontra o seu expoente em “Nastrond”, mas que falha em se destacar ao longo do disco.
Nota: 6/10
Review por Raúl Avelar












 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
