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Burzum - "Umskiptar" Review

É quase impossível falarmos deste projecto, sem nos determos por momentos em Varg Vikernes, personagem que ainda se encontra envolta em mistério e controvérsia mas que é também é o mentor desta máquina musical , dotada de uma aura muito própria que é Burzum.

“Umskiptar” marca um certo retorno às raízes como o próprio Vikernes o afirma. O álbum sonoramente marca uma maior exploração a nível de ambiência e atmosfera, trazendo-nos uma sonoridade deliciosamente hipnótica e perturbadoramente contemplativa.

A nível temático “Umskiptar” debruça-se mais uma vez sobre mitos nórdicos, assunto que causa muito fascínio no mentor de Burzum, que até fez com que Vikernes lançasse um livro sobre a temática.

A começar o álbum, a tímida intro “Blóðstokkinn” dá início às hostilidades que se desenvolvem na faixa seguinte “Jóln”, trazendo-nos o que pode ser encarado como Burzum clássico, uma malha com riffs hipnotizantes, em que Varg explora um registo vocal mais clean que aliado á sua guitarra hipnótica nos transporta para longe, como que para outra dimensão. De seguida temos uma das melhores faixas deste registo, “Alfadanz” que poderia ter sido retirada do tão bem recebido “Belus” lançado aquando a saída da prisão de Vikernes. Uma melodia terna de piano inicia este tema que nos mergulha de novo numa espiral sonora, que nos envolve de forma melancolicamente doce ao longo dos seus cerca de nove minutos. Esta sinfonia carregada de hipnose continua pelas faixas seguintes, com destaque para “Æra” e “Heiðr” onde Vikernes continua a manter-nos bem embalados, embora não acrescentando novidade alguma no que toca á estrutura das faixas. Talvez seja esse um dos inconvenientes do álbum, pois a própria onda de som que nos envolve e transporta por momentos razoavelmente agradáveis é também capaz de nos afastar demasiado e desviar a atenção deste álbum, podendo, por outro lado ser também isso algo intencional por parte do mentor de Burzum. Contudo ainda temos mais um momento de brilhantismo sonoro que rivaliza com “Alfadanz”, é em “Valgaldr” que nos quebramos um pouco da apatia em que mergulhamos como que para uma lufada de ar antes de voltar vertiginosamente em mais um tema de pura ambiência melancólica que volta a conseguir concentrar de novo a atenção em “Umskiptar”. A partir daqui o álbum vai ficando a meio gás com temas mais monótonos e mais contemplativos que vão caindo na indiferença.

É isso que faz com que apesar de razoável, “Umskiptar” não tenha muito mais para oferecer, acabando por estagnar sonoramente. Pode ser que para o ano Varg Vikernes volte a surpreender com não apenas o que os fãs de Burzum esperam, mas também criando novas surpresas para evitar cair na previsibilidade.


Nota: 7.7/10

Review por Ruben Mineiro