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Be’lakor - "Of Breath and Bone" Review

Para quem não conhece, a primeira audição deste, ou qualquer outro disco anterior dos Be’lakor, pode enganar e de que maneira relativamente a proveniência deste colectivo. Quer-se com isto dizer temos aqui uma banda oriunda de Melbourne, Australia, mas que facilmente poderia passar por sueca, o que tendo em conta os objectivos da banda, não poderá deixar de ser um elogio, afinal de contas falamos do país que inventou o chamado Death Metal melódico (isto sem querer excluir a importância dos britânicos Carcass naturalmente), estilo que os Be’lakor executam, diga-se de passagem, de forma exímia.

No entanto o tipo de abordagem das suas composições acerca-se bem mais da complexidade progressiva de Opeth ou Edge of Sanity, do que propriamente de qualquer banda de Gotemburgo, na medida em que todos os temas aqui presentes acabam por ser o resultado de várias camadas de ideias, intercaladas por transições que lhes conferem uma dinâmica muito boa, próprio de uma banda já com um grau de maturação bem assinalável.

Mas é mesmo na melodia que está o foco deste disco. Chega mesmo a ser impressionante a quantidade de recursos que os Be’lakor se munem para conferir um sentido melódico colossal nestes temas, mas sempre com um teor claramente depressivo. Embora o disco esteja recheado até à medula de solos e leads de guitarra, estes deambulam essencialmente pelas notas negras do piano, e acreditem nem um reflecte qualquer tipo sentimento glorioso ou eufórico. Mesmo quando a música fica mais agressiva, sobressaem os riffs melódicos típicos de Dark Tranquilllity, alturas de The Mind’s I. A própria voz gutural de George Kosmas, que também acumula funções de guitarrista, quase que é deixada para segundo plano, face a todo o esplendor melódico chorado pelas guitarras. Os teclados também têm a sua quota-parte em Of Breath and Bone, mas sempre como elemento complementar, e quando assumem a liderança, como no pequeno instrumental To Stir the Sea, apenas servem como factor atmosférico. Destaque para Abeyance, que não é por acaso que é o tema de abertura, no fundo acaba por ser um prelúdio do que se segue, contendo todos os ingredientes que irão ser desenvolvidos tema a tema.

O mais incrível neste disco é que nas primeiras audições quase nada nos fica retido na memória, mas a vontade de o voltar a ouvir essa fica gravada no subconsciente, quase como aquelas publicidades que induzem mensagens subtis nas pessoas para que elas adquiram um produto, mas no caso dos Be’lakor até agradecemos no fim. Talvez pouco ou nada tenha mudado desde os discos anteriores, e que a fórmula esteja a ser repetida ad eternum, mas ainda não parece haver razões para soar qualquer tipo de alarme de estagnação. Veremos no futuro.

Nota: 8.9/10

Review por António Salazar Antunes