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Evoken - "Atra Mors" Review

Ah a Peste Negra, terá havido maior epidemia no mundo do que esta que dizimou quase um quarto da população mundial? Quando se ouve um disco cujo título surge em memória de tal efeméride, das duas uma, ou o seu propósito é o de querer chocar as pessoas, numa atitude próxima do punk, ou então o de explorar o lado mais mórbido da questão, próprio de quem se move nos meandros do doom. Quando ainda por cima a banda em questão, é nada mais nada menos que os Evoken e ainda se dá ao trabalho de refinar o título pegando na sua nomenclatura original em latim, então não resta dúvidas que é mesmo a segunda premissa que irá ser abordada.

Estes americanos são das poucas bandas que conseguem emular, de forma quase perfeita aquela sonoridade que os My Dying Bride e Disembowelment desenvolveram no início dos anos 90, ao pegarem nos riffs de Candlemass e Black Sabbath e lhes darem uma atmosfera bem mais pesada, lenta e opressiva. Ouvir Atra Mors não é uma experiência agradável, é sim quase que uma viagem dantesca de uma hora e pouco pelo infernos, terreno e sobrenatural, onde o desespero, o ódio, e o sofrimento são as temáticas exploradas. Um tema como The Unechoing Dead, por exemplo, não poderia merecer melhor baptismo, reunindo todas essas condicionantes associadas ao percorrer de um trilho, por entre um mar de almas penadas deambulando pela escuridão gemendo de dor. Já Into Aphotic Devastation é a morte, e o repouso final da carne seguido do tormento eterno do espírito.

Embora em termos instrumentais o que mais ressalte em Alta Mors seja o peso megalítico das guitarras, o ritmo cadenciado, e a produção claustrofóbica, também há espaço para a melodia, servida sempre de uma maneira fúnebre ou etérea, como se de um “violin from hell” se tratasse. Destaque especial para Descent Into Chaotic Dream, uma longa elegia de 11 minutos, que conterá porventura os momentos mais arrepiantemente serenos do disco.

Decididamente Atra Mors reúne todos os ingredientes que fazem do doom/death fúnebre um estilo são singular, e de difícil composição, só por isso estão de parabéns. Aconselhado vivamente aos adeptos do género.

Nota: 8.6/10

Review por António Salazar Antunes