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Nachtmystium - "Silencing Machine" Review

Algumas das principais mais-valias dos Nachtmystium têm sido a facilidade com que misturam o black metal mais tradicional com referências dos mais díspares estilos e incorporam elementos de difícil associação ao balck metal fixando-se numa espécie, estranha mas fascinante, de black metal atmosférico. Os marcantes “Black Medles” são disso prova. Enquanto “Assassins” era uma peça mais coesa e harmoniosa, “Addicts” funcionou de forma oposta apresentando alguns casos extremos de experimentalismo e variedade.

Neste (brilhante… adianto já o elogio) “Silencing Machine” a banda retoma um caminho menos oscilante que o anterior trabalho e, conforme Blake Judd já havia adiantado, embrulha todas as composições numa escuridão constante e depressiva. Os ritmos uptempo e melodias mais… coloridas (?) são despidos de qualquer trejeito de esperança.

A obra inicia-se com “Dawn Over the Ruins of Jerusalem” seguida do tema título colocando-nos num contexto de (quase) puro black metal com riffs familiares reminiscentes do melhor que as infames legiões francesas conseguiram criar. ”And I Control You” abranda e consegue trazer ainda mais peso, desespero e sinistralidade. “Give Me The Grave” fez me lembrar “From Hateful Visions” dos Judas Iscariot. Os teclados de “Leepers of Destitution” remetem imediatamente para o legado de Burzum e “Borrowed Hope and Broken Dreams” mergulha mais fundo na sonoridade Goth e faz sobressair mais alguns apontamentos eletrónicos.

A banda continua a ser capaz de nos cativar e intrigar com nuances menos esperadas e riffs simples ornamentados com sons eletrónicos. Mas desta vez a envolvência e sentimento são de tal ordem que não consigo deixar de sentir este como o mais profundo e completo trabalho desta entidade. Um monumento desta envergadura que consegue invocar novamente os clássicos mais obscuros do género, manter um enorme cunho de originalidade e atingir este sentimento escuro e retro é qualquer coisa de impressionante.

Os Nachtmystium conseguiram em “Silencing Machine” proporcionar-me uma experiencia única, intensa e aditiva. A ligação foi tal ordem que visitar os esgotos imundos, ruinas abandonadas e outras quaisquer paisagens desoladoras criadas pelo intelecto complexo de Blake Judd tornaram-se uma necessidade constante. Acredito que este álbum irá apelar a qualquer fã sério de black metal e a qualquer ouvinte com um fraco por ambientes decadentes e música de grande qualidade.


Nota: 9.4/10

Review por David Sá Silva