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Posthum - "Lights Out" Review


Um facto que definitivamente irrita muitos puristas é que hoje em dia o Black Metal está mais sujeito a experimentação do que alguma vez teve desde a sua génese. Não é que o que tenhamos aqui seja tão extravagante como os Deathspell Omega (de um lado do espectro) ou como os Alcest (do outro lado do espectro), mas sem dúvida que transcende aquilo que habitualmente entendemos por black metal. Para já há todo um ênfase na atmosfera e no ambiente - ainda mais que aquilo que o género habitualmente, principalmente a sua vertente escandinava, e menos do que seria de esperar se houvesse alguma aproximação ao Post-rock.

Aliado ao ambiente, também há uma forte componente emocional e melancólica tanto na utilização discreta dos teclados como nas linhas de guitarra (e quando temos direito a solos, a sensação ainda se acentua mais, como na excelente "Red". Sendo este o segundo álbum dos noruegueses, já se tem aqui um pouco da sua identidade definida e ela é bem interessante. Além de todos os elementos atrás referidos, também temos um pouco de progressivo à mistura - a lembrar um pouco Enslaved - com riffs e estruturas intricadas e pouco usuais mas que sem dúvida tornam tudo mais interessante.

Acaba por ser um álbum pouco convencional sem sair muito fora do normal, onde se tem a real percepção de que para esta banda a imagem é realmente algo secundário em relação à música (algo que as suas apresentações ao vivo já deixaram claro, mas para quem tinha dúvidas, as fotos promocionais não deixam que elas persistam). A música é mesmo o que importa mais e as mais marcantes são a "Down On Blood", a mais violenta, a bonita instrumental "Afterglow" e a viciante "Scarecrow" (grande riff).

Mais uma vez, para os que gostam de black metal mas não se importam de se desviar um pouquito desse mundo ou pelo menos ir até ao limiar da fronteira. É sempre subjectivo, porque cada um define as suas fronteiras, mas de qualquer forma, esta viagem, é daquelas que vale a pena fazer.


Nota: 8/10

Review por Fernando Ferreira