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Wallachia - "Shunya" Review


Lars Stavdal criou os Wallachia como veículo para a sua visão musical pessoal em 1995, ou seja, em pleno boom da segunda vaga de black metal. Em 1999 lançou “From Behind the Light” e seguiu-se um hiato de cerca de 6 anos.

Completamente alheio ao impacto que este primeiro registo poderá ter causado na altura, a verdade é que se gerou um pequeno culto em volta do projeto. “From Behind the Light” incorporava elementos que o tornaram um disco icónico e de fácil identificação no meio da tamanha avalanche de lançamentos do género. A eficiente utilização de magistrais teclados, melodias do folclore escandinavo, acordes de outros sub-estilos proibidos em qualquer manual de regras de black metal norueguês e as vocalizações alteradas eletronicamente seriam, porventura, as características mais identificáveis (a última pelas piores razões). 

Ora, no seu efectivo regresso com “Ceremony of Ascension” de 2009 e com este novo “Shunya”, Stavdal conseguiu manter praticamente intacta a identidade dos Wallachia melhorando substancialmente a sua fórmula. Embora a música tenha nos dias de hoje um impacto menos significativo que outrora é notável como a sua evolução em termos composicionais lhe permite agora criar canções mais distinguíveis e memoráveis. Estilisticamente estão muito próximos do que representam uns Sear Bliss mas com aquele toque gelado de todas as propostas de black metal provenientes da noruega. Contudo, diria que o principal trunfo de “Shunya” é a sinceridade e emoção que carrega. Quem foi tocado por clássicos como “The Shadowthrone” e até “Hvis Lyset Tar Oss” irá sentir afinidade com muitas das ambiências aqui retratadas visto que, muito embora exista uma enorme distancia para os álbuns mencionados, sendo o álbum em análise muito mais acessível e metalizado, os sentimentos de não pertença a esta era de futilidade, de revolta e nostalgia são fortes e bem presentes nos gritos de Stavdal e nas suas melodias ancestrais. 

Os fãs não sairão deslustrados e os interessados por black metal mais sinfónico, dinâmico e moderno terão aqui um bom trabalho para descobrir. Mais uma boa aposta da sempre atenta Debemur Morti. 

Nota: 7.2/10

Review por David Sá Silva