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Entrevista aos Master


Eles estavam lá quando o “Human saiu. Assim como lá estavam quando o Altars Of Madness” dominou o mundo. Estavam lá e praticavam um Death Metal tão desafiador e rasante como o dessas bandas. Os Master são uma banda que nunca subiu com os nomes que hoje bem conhecemos. A dois meses de voltarem a visitar o nosso país… que curiosamente traz algumas recordações, Paul Speckmann explica-nos o porquê disso, e porque é que “os Possessed e os Death subiram”, e eles não.


M.I. - Por mais que a fórmula se repita, e que os anos passem, a verdade é que ouvir um álbum novo dos Master é sempre algo bem actual  O que te inspira para que esta “máquina” se mantenha tão bem e naturalmente oleada?

O mundo em geral serve-me de inspiração para fazer estes discos. Vivemos numa sociedade fodida com traficantes do poder no comando. Hoje em dia os governos têm muito poder sobre as pessoas e sobre as suas vidas. A liberdade é coisa do passado. Hoje as pessoas são viciadas na televisão e no computador. Raramente saem de casa. Para descobrires o que se passa no mundo hoje em dia, podes bem ficar em casa e deixar a liberdade desaparecer. As pessoas, como os jovens de hoje, precisam de se levantar e de lutar antes que seja tarde demais. Os banqueiros, os professores, advogados, polícias, bem como os políticos corruptos, têm poder a mais e esse poder deve ser removido. A anarquia é o caminho para o futuro, e penso que é tempo de nos revoltarmos em certos aspetos.


M.I. - “The New Elite” é um nome que assenta que nem uma luva para muitas questões da atualidade. Queres falar-nos da mensagem que este álbum transmite, ou mesmo da situação que vivemos e que corresponde bem a este título?

“The New Elite” são os ricos bastardos a controlar tudo. Na América, por exemplo, o dinheiro é gasto na tão chamada “segurança” e armas, enquanto que nas costas deles, há pessoas a morrer. O Obama não é mais do que uma marioneta que é guiada por um auricular, que lhe dá as instruções para fazer o que lhe mandam. Qualquer um com metade do cérebro poderia descobrir que “o fanático islâmico” nunca teve nenhuma chance. Não havia escolha para qualquer outro líder na América. Ou um fantoche, ou um fanático vindo do movimento “Latter Day Saints” pronto para destruir o planeta, retirar ainda mais direitos ás pessoas e tomar o controlo total. Dinheiro é poder, e muitas pessoas têm muito dinheiro. A verdadeira riqueza está em partilhar.


M.I. - Ao ouvir os Master, é notório que o Metal mais old-school é mesmo a tua praia. Que bandas te inspiram para fazeres o que fazes hoje com os Master?

Só ouço Rock e Metal antigos, como os Saxon, Black Sabbath, Deep Purple, e ocasionalmente, os Discharge, GBH, MDC e Exploited. Os meus gostos variam. Encomendo cerca de 50 CD’s por ano pela Wow HD, da Alemanha. Não ouço a merda moderna que nos é imposta sobre uma base regular. Raramente oiço algo moderno e que seja digno de eu ouvir. Originalidade é uma coisa do passado.


M.I. - Hoje em dia, é escusado dizer que conhecer os Master ou qualquer outra banda, se torna muito mais fácil. Achas que essa facilidade pode ser benéfica em alguns aspectos? 

Suponho que o computador ajudou as bandas, bem como as torna mais populares. Por outro lado, não há nada como os dias em que se trocavam cassetes, nos anos 80, onde não era nada de anormal ter um tipo como o Bill Steer e como o Chris Reifert a enviarem-me uma carta pessoal e a comprarem-me CD’s e t-shirts. Esses eram Os Dias. Hoje as coisas são muito mais fáceis, assim como cresceu imenso a facilidade para uma banda de merda espalhar as suas mensagens merdosas e felizes.


M.I. - Vocês vêm a Portugal em Janeiro, a Mangualde! Que expectativas tens? Gostaste das tuas experiências anteriores no país?

Lembro-me de tocar num festival e lembro-me que o promotor não tinha a taxa completa, e no fim, acabou por não nos pagar, após dois mil e tal quilómetros. Os Mayhem e outras bandas de Black Metal cancelaram também a sua actuação nesse festival. Vejo que agora é um festival de grande dimensão, mas lembro-me bem daqueles dias. Tocámos há uns anos atrás num Festival de Natal, e de novo, foi muito bom, apesar das poucas pessoas. Fiquei com a ideia de que não parece que haja grande apoio à música underground no vosso país, seja ela nacional ou não, portanto, espero que desta vez seja melhor! Estamos ansiosos para o Mangualde Hardmetal Fest, claro! Vivo para esta música e adoro espalhar a mensagem dos Master sempre que possível.


M.I. - Vocês são uma banda veterana do Death Metal americano, mas nunca subiram como os Morbid Angel ou os Death. Chamas-lhe azar, ou há mesmo uma razão por detrás disto?

Erros, má gestão, e adesão ás nossas crenças. Vamos apenas dizer que muitas bandas eram umas “beija-cus” naqueles dias, e eu nunca fui um “beija-cus”, portanto pronto… já se sabe. Um erro enorme foi não termos assinado pela Combat Records, por quem os Death e os Possessed assinaram, mas só vimos depois a importância disso. Ainda estou vivo e acredito que as coisas acontecem por alguma razão.



M.I. - Mas com a facilidade de conhecimento proporcionada pela Internet, como disse atrás, achas que os Master estão a ser mais reconhecidos?


Claro! As pessoas estão a apoiar a banda. Prova disso está nos nossos concertos; comparativamente aos tempos antigos, temos lá mais pessoas.


M.I. - Tendo em conta a tua ligação com o old-school, fala-nos de como eram as coisas antes, e como são as coisas agora. Mais pessoais, evidentemente, mas… o que as tornava tão pessoais e porque é que hoje são tempos vistos com um certo brilho nos olhos?

Antes nós trabalhávamos imenso para termos concertos, e hoje deparamo-nos com um cenário saturado de clones das bandas originais, portanto hoje em dia, ser uma entidade original tem os seus benefícios, como as pessoas poderem ver os Master mais regularmente, portanto o nosso prato é preenchido a cada ano, portanto eu não posso queixar-me muito.  As coisas para mim melhoraram desde que me mudei para a Europa. E f*da-se! Os concertos na América melhoraram desde que eu saí de lá! Antigamente, as pessoas nunca iam aos concertos nem apoiavam as bandas locais. Sou de Chicago, e pelo que me tem sido dito, as coisas nesse aspecto têm melhorado por lá. Quando eu morei lá, nos anos 80, apoio era uma coisa que não se via lá.

Entrevista por Diogo Marques