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Viter - "Springtime" Review


Por vezes misturam-se tantas coisas numa só que não deixa de se instalar um sentimento de estranheza. É exactamente o que se sente na "Wool Fish Love" que dá início a "Springtime", o primeiro álbum dos ucranianos Viter, que junta guitarras com um som grave, uma voz melódica, instrumentos (ou sons) típicos do folk, teclados que parece que foram retirados de um álbum de metal gótico e um certo ambiente industrial. Mistura que tem tudo para dar errado mas até que o desastre não é de proporções biblícas. Apesar de não deixar de ser um desastre.

Músicas como "Marichka" são difíceis de levar a sério no contexto metal e "For The Fire" consegue soar a Rammstein e a In Extremo ao mesmo tempo (isto com letras em inglês). Depois tem-se o outro lado e pode-se pegar nestas mesmas duas canções e encontrar melodias que se colam imediatamente ao interior do cérebro. O que irrita. Os defeitos surgem em igual proporção que as qualidades. O tema título, por exemplo, também ilustra bem este ponto, provocando déjà vú de uma tal forma, que até parece que se sabe qual vai ser a próxima chave vencedora do Euromilhões.

É um sentimento do qual não se consegue sacudir ao longo destes quarenta e seis minutos. Se tivesse sido lançado uns quinze anos atrás, estaria à frente de toda a concorrência. Agora não consegue deixar de parecer uma cópia de In Extremo (menos folk) e Rammstein (menos industrial/maquinal). Sendo o álbum de estreia, dá-se o desconto, afinal ainda há muito a digerir em termos de experiência e maturação (principalmente no que à composição diz respeito, porque em termos de som e de prestação dos músicos, as mesmas são irrepreensíveis) e um eventual segundo álbum poderá fazer a diferença no que diz respeito a este ponto, reforçar a sua identidade, que aqui é muito, muito, ténue.
 
Nota: 5/10

Review por Fernando Ferreira