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Lamia Culta - "Woman Scarred" Review


Pelas fotos disponíveis, estariamos perante uma banda de black metal. Corpse paint, caras de pessoal chateado com Deus e tal... No entanto, a banda foi-se e ficou apenas um elemento e um tipo de som diferente.. Ao ouvir "Woman Scarred", tem-se um dark ambient que nem sempre atinge aquilo a que se propõe. A desilusão talvez comece logo pela intro "Retap Retson", que dá mesmo a ideia de que assim que termine, vem pancada misantropa e em forma de guitarras distorcidas com o som da grossura de uma agulha. "Into The Night" não é nada disso. Uma peça instrumnental que começa com orgão de igreja e que depois tem um som sintetizado de harpa a dominar ritmicamente. Ora apesar da beleza da música em si, não deixa de ser decepcionante.

Tudo bem, entrou-se no trabalho com ideias pré-concebidas e há uma ligeira decepção. Não há problema, é só ajustar um pouco os ouvidos (e sobretudo a mente) para o que se está a ouvir. Depois desse pequeno ajuste surge uma questão que não é exclusiva com os Lamia Culta nem com este seu segundo trabalho. As sonoridades dark wave, ambient, conjugadas com vozes típicas de black metal (tal como os Profanum faziam no início da sua carreira, embora esses sempre tenham tido uma forte ligação em termos de som ao estilo - usavam bateria, por exemplo) acabam por soar desajustadas. E é o que acontece aqui. Embora o imaginário seja todo sobre satanismo e o oculto, a verdade é que a voz masculina acaba por impedir que as músicas fluam. Quando e nas músicas em que ela não surge, as coisas são bem melhores.

Nem sempre foi assim. No primeiro álbum, os Lamia Culta tinham uma abordagem mais tradicional às artes negras e quatro anos depois, do quarteto, apenas ficou Fosco Culto e uma vocalista oculta da qual não se encontra referência alguma mas que acaba por ser ela que salva o álbum da inutilidade suprema. Existem momentos intensos, como o tema título (esquecendo da voz do amigo Fosco), e existem momentos bem conseguidos, mas quarenta e sete minutos disto parece excessivo. Não tão experimental quanto isso, não tão negro quanto um álbum de black metal medíocre, dá ideia de que isto foi feito por teimosia de uma pessoa que se recusou a deixar um projecto que lhe dizia algo, sem ter bem a noção dos níveis de qualidade. Com pontencial para ser muito mais do que aquilo que realmente é.

Nota: 4/10

Review por Fernando Ferreira