No ano em que celebram dez anos de carreira, os For the Glory comemoram a data da melhor forma, e apresentam-nos o seu quarto disco de originais, “Lisbon Blues”. Dez anos de carreira é um feito assinável, e uma prova do quanto o quinteto tem dado à cena hardcore nacional. Sinceridade e honestidade são palavras que facilmente descrevem os valores pelos quais os For the Glory se têm guiado nesta última década, e “Lisbon Blues” acaba por ser isso mesmo, um álbum sincero e honesto.
Muscialmente, “Lisbon Blues” não trás propriamente nada de novo à sonoridade da banda. São cerca de 26 minutos de puro hardcore dentro da (enorme) qualidade que os For the Glory nos têm habituado ao longo dos anos, resultando num álbum bastante coeso, onde se torna difícil apontar pontos fracos. De destacar as participações especiais de Hugo Andrade (Switchtense) em “Life is a Caroussel” (que já vinha do split com World Eater de 2012) e de João Quadros (Shape) em “Old Wounds”.
Outro factor a assinalar em “Lisbon Blues” é um enorme peso e agressividade que é visível ao longo do álbum, o que se torna perfeitamente lógico se pensarmos que “Lisbon Blues” acaba por ser mais do que simplesmente outro disco de For the Glory: é acima de tudo um grito de revolta, um despertar de consciências para a situação conturbada que se vive no país, quer socialmente, quer politicamente. Basta ouvir a faixa título para perceber do que este álbum se trata: um retrato real e cru daquilo que é a vida escondida nas ruas e bairros de Lisboa (e não só), onde os sonhos e ambições se vêm reduzidos a uma vida de dificuldades e sem futuro. Contudo, “Lisbon Blues” não é apenas um retrato negativo de uma realidade dura, pretendendo acima de tudo transmitir uma mensagem de esperança e uma vontade de mudança. Prova disso são as excelentes “Restless Souls”, ou “Never See me Fail”.
Em suma, “Lisbon Blues” para além de ser uma comemoração de dez anos de carreira de uma das bandas mais importantes do hardcore nacional, é também um álbum que resume aquilo que são os For the Glory, e que pretende transmitir uma vontade de mudança de valores, numa altura onde é necessária uma maior consciencialização de toda uma geração cada vez mais marginalizada. Hardcore a 110 %.
Nota: 9/10
Review por Pedro Reis
