About Me

Max Cavalera sobre o Brasil: "Já não me sinto em casa"


Max Cavalera (Soulfly, Sepultura, Cavalera Conspiracy, Killer Be Killed) deu recentemente uma entrevista ao site Rocksverige.se, onde falou sobre as suas raízes e o próximo álbum do projecto Cavalera Conspiracy. Aqui ficam alguns excertos da entrevista:

Rocksverige.se: "Já vives nos EUA há algum tempo. Sentes-te de alguma forma americano?"

Max Cavalera: "Bem, eu aprendi a gostar de futebol americano. Tornei-me fã daquilo. É muito diferente do futebol, mas bastante viciante, assim que começas a compreendê-lo. No início, não gostava dele, porque o jogo tem muitas paragens. Costumava odiá-lo, quando me mudei pela primeira vez para os Estados Unidos. Era tão contra isso e nem sequer conseguia vê-lo. Também é difícil com o basebol, e ainda odeio o basebol. O basebol é uma seca! E o golfe? O golfe é tão chato. Havia um grande jogador de basebol, Randy Johnson, e ele veio ver os Sepultura aquando da digressão "Roots". Ele era muito famoso e muito alto, e ganhou na realidade o campeonato em 2001 com os Diamondbacks. Na semana em que eles ganharam, os Soulfly estavam a tocar e ele apressou-se a vir para conseguir autógrafos e estar connosco. Um tipo simpático, mas continuo a não gostar de basebol, e eu disse-lhe isso. Eu disse: "É muito bom conhecer-te e sinto-me honrado, mas odeio basebol." E ele disse: "Tudo bem, meu! Não me importo." De certa forma, sinto-me americanizado. Existem muitas coisas fixes nos Estados Unidos, como parques aquáticos e [Las] Vegas. Vegas é tão louco e selvagem. É um país bonito, sem dúvida. Vivemos no sudoeste e há montanhas, e depois tens a Califórnia e o oceano. Já fizemos muitas digressões nos Estados Unidos, de maneira que conhecemos muito bem o país. Também gosto do Colorado. É provavelmente um dos meus sítios favoritos. Contudo, ainda sou brasileiro."

Rocksverige.se: "Quando vais para o Brasil, dizes que vais para casa?"

Max Cavalera: "Bem, é um bocado difícil, sabes. Mudou muito, mas acho que para melhor. Neste momento, está muito mais moderno, e o Mundial de Futebol deve ser bom para o Brasil. Costumo ir lá muitas vezes. No ano passado, estive lá duas vezes, e fizemos uma digressão muito boa de 10 espectáculos, e realizámos três espectáculos na floresta tropical com 20.000 pessoas e um festival na capital Brasília, e estavam lá outras 20.000 pessoas. Tocámos no Rio com os Suicidal Tendencies, o que foi muito bom e eu adoro aquela banda! É bom regressar, mas já não me sinto em casa. A minha casa é na verdade Phoenix. É onde eu me sinto em casa."

Rocksverige.se: "Fala-nos sobre o próximo álbum dos Cavalera Conspiracy? Disseste que vai ser muito pesado."

Max Cavalera: "Sim, grindcore! Digo grindcore, mas não é exactamente assim. Ainda é Cavalera, mas fortemente influenciado por Nails, Trap Them, Entombed... todas essas grandes bandas. Temos o Nate (Newton) dos Converge no baixo, e ele fez um óptimo trabalho. Adoro os Converge, e ele tem aquela sonoridade distorcida e suja. Foi engraçado, porque durante as gravações, o Igor [Cavalera, baterista dos Cavalera Conspiracy e irmão do Max] tentou sempre enveredar pelo groove, e eu parava e dizia: "Que se lixe o groove!" Sempre que ele enveredava pelo groove, eu dizia: "Desiste do groove!" É 90% rápido, mas tem algum groove; não pude fazer mais. Mas arranjei maneira de ter 90% de material rápido, contrariando o Igor. Uma boa vitória para mim."

Por: Bruno Porta Nova - 14 Abril 14