Quando atribuímos ao estilo de uma banda a etiqueta de “pós-qualquer coisa” normalmente significa que essa mesma banda tem uma sonoridade um tanto ou quanto diversificada e que se afasta dos géneros mais padronizados e dos quais é mais fácil ter uma ideia do som que tenham. Claro que isto não quer dizer que tudo o que é “pós-qualquer coisa” seja uma bomba de inovação e qualidade e quem explora este vasto universo musical que é o Metal, bem sabe que isso não é verdade, mas este grupo francês não é daqueles que cria música saturante, ou inacessível, ou mesmo, descartável.
Os Mur são um projecto idealizado por Julien Granger, baterista que já passou por bandas como Today Is The Day, Four Question Marks e Glorior Belli, e aqui nota-se bem a experiência adquirida por Granger ao ter passado por bandas tão distintas umas das outras que vão desde o hardcore ao black metal: um pós-hardcore com uma envolvência bastante negra e asfixiante com acompanhamentos electrónicos e composições que conseguem agarrar o ouvinte pelo colarinho como é o caso de “Hugo Suits” ou “I’d Rather Have You Dead Than Pregnant” (independentemente do conteúdo lírico, não estou a ver os Mur conseguirem uma boa audiência do público feminino depois de darem um título assim a uma canção).
Este quinteto deixa assim a sua breve, mas bem escrita carta de apresentação: um EP de 5 temas, cada um com menos de 5 minutos, mas com o poderio necessário de nos deixar expectantes por ouvir mais música fabricada por estes franceses.
Review por Tiago Neves
