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Ophis - "Abhorrence In Opulence" Review


Apesar de ser um género que até nem anda mal de saúde, apenas preterido devido às tendências mais retro, o doom monolítico e letárgico ou seja, negro e pesadão, é um daqueles sub-géneros musicais que quando bem feitos, são sempre bem vindos. E quando uma banda como os Ophis lança um terceiro álbum deste poderio, ainda melhor. Composto por cinco faixas onde a mais curta tem nove minutos e meio, é necessário ter coragem (ou alguma inconsciência) para fazer um álbum com temas de longa duração e o mesmo aguentar-se do início ao fim sem qualquer momento de marasmo. Tal vai sempre depender de quem está a ouvir mas os apreciadores de doom perceberão o sentido da afirmação.

Poderão julgar que se trata de uma experiência de masoquista, ouvir algo que remete para dor e sofrimento, mas existe dor e sofrimento que até tem algum requinte para ser apreciado e “Abhorrence In Opulence” é o exemplo perfeito deste tipo de requinte. Com o tom sofrido dos guturais de Philipp Kruppa (também guitarrista) faixas como “Among The Falling Stones” soam autênticos hinos ao desespero e tristeza. Estilisticamente é como se juntássemos o death/doom de bandas como My Dying Bride, Anathema e Paradise Lost nos seus primórdios e juntássemos ainda à equação um certo tingir de negro dos Shining ou dos Forgotten Tomb.

A cada audição, a coisa vai crescendo dentro do ouvinte, como um invasor dentro do nosso corpo e será algo inédito, porque não sendo propriamente de fácil assimilação e interiorização, é um trabalho que a cada final de audição, obriga a repetir a experiência. Vezes em conta. Provavelmente pelo facto de a cada vez que termina, há um certo vazio que se instala e a melhor maneira de colmatar essa lacuna é com um álbum que promove e fala de lacunas e vazios existenciais e até sonoros. É deliciosamente irónico.


Nota: 9/10

Review por Fernando Ferreira