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Electric Wizard - "Time To Die" Review


Desde “Dopethrone” que as coisas nunca mais foram as mesmas para os Electric Wizard. Colocados devidamente no mapa pelo álbum, tudo o resto foi inevitavelmente comparado com o álbum lançado cerca de catorze anos atrás. Desde então a banda já lançou quatro álbuns, chegando agora ao quinto – totalizando oito álbuns de originais – depois de quatro anos de espera após um “Black Masses” que não foi totalmente convincente, pelo menos para aqueles que apreciam o seu stoner/doom bem paquidérmico e monolítico e esses mesmos confundiram o avaliar boa música com o avaliar a música que quereriam ouvir. “Black Masses” foi um bom trabalho mesmo que algo distante da sua fórmula bem sucedida.

Posto isto, é altura de abrir a mente e os ouvidos para “Time To Die” e o que fica logo como impressão mais forte, é a sujidade e o psicadelismo com que “Incense For The Damned” nos assalta é de tal forma enorme que ficamos logo reféns. O som da água a correr de início é calmo o suficiente para nos atrair para uma leve linha de teclados e uma batida de bateria meio ritualista (cortesia de Mark Greening que voltou à banda apenas para gravar o álbum, tendo levado um pontapé para saltar novamente) com uns samples retirados de filmes – algo que se verifica uma constante ao longo dando uma ideia das músicas serem inseparáveis. A forma como da primeira faixa se passa para a segunda, o tema-título, é indicadora disso mesmo, aliás, a forma como todas elas estão cadenciadas faz com que, apesar da sua duração, “Time To Die” flua bem.

Esse é um dos seus pontos mais fortes, a fluidez com que faixas de longa duração transmitem ao álbum, através da repetição e de um certo ar hipnótico que as composições deixam, acentuando fortemente, mais do que alguma vez na sua carreira, no lado psicadélico que só tem a trazer benefícios. Mesmo nas malhas mais pequenas, como a “Destroy Those Who Love God”, “SadioWitch” e “Saturn Dethroned” conseguem imprimir de forma imaculada o factor psicadélico e viajante e ainda se assumem como importantes componentes do todo que é este álbum. Sem dúvida, o melhor trabalho da banda nos últimos anos, não por tentar aproximar-se a fórmulas vencedoras mas simplesmente por ir, de forma triunfante, por um caminho novo. E o facto de ter sido lançado pela sua própria editora – Witchfinder Records, com distribuição pela Spinefarm – só prova que estão bem conscientes do seu actual (bom) momento.


Nota: 9/10

Review por Fernando Ferreira