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Mono - "The Last Dawn / Rays Of Darkness" Review


Os Mono tornaram-se em pouco tempo coqueluches do movimento post-rock, quando este supostamente já não tinha nada de novo a oferecer, embora tenham trabalhado muito para isso e o reconhecimento só tenha surgido em grande quando já tinham lançado uma série de álbuns. A banda japonesa nunca se encaixou de forma perfeita no género, como qualquer banda genial não encaixa bem em qualquer que seja o género que lhe é associado e a sua música sempre impressionou mais pela emoção que sempre transmitiu e pelo seu caracter cinematográfico do que por cumprir ou usar este ou aquele lugar comum.

Após dois anos de ausência, eis que surgem com um álbum duplo (ou com dois álbuns, conforme o queiram encarar) onde o peso é mais reduzido, nitidamente, mas onde a intensidade emocional é ainda mais presente. Isto é particularmente notório nos seis temas que compõe “The Last Dawn”. O início com “Land Between Tides Glory” é qualquer coisa de impressionante. Uma montanha emotiva de que será complicado de tentar explicar para aqueles que não está a ouvir. Complicado e inútil. E este é um pouco o reflexo do que acontece ao longo deste primeiro disco, sendo que a emotividade só é capaz de atingir os seus píncaros na já citada primeira faixa e na  “Where We Begin”.

À imagem daquilo que foi feito com ”Alpha Noir / Omega White” dos nossos Moonspell, e sem qualquer relação que se conheça entre as duas bandas e obras, aqui também à uma separação entre os dois discos. Se no caso dos Moonspell, havia uma intensificação na separação sonora e de imaginário, aqui essa separação é mais subtil, mais ao nível emotivo, mas claramente perceptível. Se há uma certa positividade no “The Last Dawn”, uma certa esperança, em “Rays Of Darkness” há um mergulhar na escuridão, no fatalismo, o entrar na tempestade inevitável. Para isto usa-se mais um pouco de distorção que no primeiro disco, principalmente na primeira faixa “Recoil Ignite”. Apesar deste incremento de intensidade, não deixa de ficar a sensação de que falta qualquer coisa neste segundo disco. Surge perfeito na integração com o primeiro, mas sozinho… falta qualquer coisa. Os seus trinta e três minutos sabem a pouco, pelo que se tivesse mais uma faixa, que assentasse na diferença com o primeiro, o efeito seria maior e “Rays Of Darkness” poderia ser apreciado com uma obra independente.

Talvez fosse essa a intenção da banda. De qualquer forma a intensidade está toda lá, seja em forma de esperança, seja em forma de desesperança (acentuada em muito na faixa “The Hands That Hold The Truth”, com a participação vocal de Tetsuo Fukagawa dos Envy), o que faz que este álbum seja mais um daqueles imperdíveis para todos os que já estão viciados naquilo que a banda japonesa produz. Um trabalho mais visceral, mais emotivo, mais cru e provavelmente, mais próximo do que se pode considerar a sua essência. Obrigatório, portanto.


Nota: 9/10

Review por Fernando Ferreira