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Abstracter - "Wound Empire" Review


Os Abstracter quando começaram tinham a intenção de fazer noise, sem lançar o quer que seja ou tocar ao vivo. Cinco anos depois, chegamos ao segundo álbum de originais. Estas expectativas e a forma como as mesmas foram alteradas não deixam de ser curiosas principalmente quando se analisa a qualidade deste “Wound Empire”. O que temos é uma viagem profunda a uma série de sentimentos desagradáveis, uma viagem contínua que dura pouco mais de quarenta minutos, sobre o abismo eterno do desespero. Esse desespero é de tal forma palpável que se torna quase como uma entidade, um amigo, de uma forma algo distorcida, que compreende todos aqueles sentimentos aos quais não damos voz.

Com uma capacidade de envolver o ouvinte de forma crescente, por um ambiente que vai ser criado aos poucos, este trabalho é um colosso tanto a nível emocional como a nível musical. Juntando um espírito sludge ao doom, há também um certo quê de progressivo que adensa ainda mais a aura do trabalho, que de si já tem bastante densidade. O facto de não se conseguir separar as faixas umas das outras são uma das grandes responsáveis por este factor e principal razão pela qual estes quarenta e dois minutos praticamente voam. Desaparecem como se tivessemos sido transportados para onde o tempo não tem qualquer sentido e significado. O feedback que se ouve no início de “Lightless” parece ser o fio condutor ao longo de todo o trabalho e a forma fria e implacável como soa é sem dúvida a maior definição de que poderia haver deste trabalho.

Com uma dinâmica extraordinária, estes quatro temas poderiam surgir todos juntos num só, que não haveria qualquer perigo do ouvinte se fartar dos mesmos, embora seja completamente perceptível o porquê da separação. Também é compreensível não se conseguir disassociar uma faixa que seja das restantes três, já que este é um trabalho que deve ser apreciado na sua totalidade. Uma prova de evolução gritante que faz com que esta banda revele ter talento para chegar ao topo da concorrência neste estilo. Um dos primeiros grandes álbuns deste ano de 2015, sem dúvida.


Nota: 9/10

Review por Fernando Ferreira