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Bloodiest - "Bloodiest" Review


Bloodiest é um projecto que comparativamente a uma agência de viagens, seria aquela que aposta na catapulta como meio de transporte e países de terceiro mundo como destino. Ou seja, não é uma viagem agradável. Isto no bom sentido. É um pouco incatalogável, mas é possível apanhar aqui o mesmo ambiente desesperançado que bandas como Neurosis ou Cult Of Luna nos trazem, sem ser propriamente um rip-off quer de um ou do outro. Para quem ainda não os conhece, esta banda conta com os préstimos de Colin DeKuiper (dos Russian Circles) e Bruce Lamont (dos Yakuza) e o som, a produção, ficou a cargo de Sanford Parker. Portanto mesmo para quem nunca ouviu falar deste grupo antes, a menção dos nomes atrás indicados deverá ser o suficiente para chamar a atenção.

Não é certo que aventurando-se por estas oito faixas que se fique imediatamente contagiado, até porque, como foi dito no parágrafo atrás, esta não é uma viagem, de todo, agradável, ainda que existam temas de inegável beleza – como é o caso da perfeição apocalíptica (e quase bíblica) de temas como “The Window”. A forma como os Bloodiest aglutinam uma série de aspectos diferentes da música pesada faz com que este seja um trabalho muito mais dinâmico e variado do que aquilo que se previa à primeira, graças também a certos pormenores de faixas que servem para dar um colorido diferente ao trabalho – “Condition” é um bom exemplo.

O factor desconcertante da forma como as influências se materializam neste álbum auto-intitulado poderá ser uma justificação para que a assimilação seja feita com mais alguma resistência, mas no final, conforme as audições se vão sucedendo, todas estas questões vão perdendo peso e importância e aquela velha máxima ganha força: Primeiro estranha-se depois entranha-se. E no final estranha-se como é que se entranhou mesmo depois de continuar a estranhar-se. Mistérios.


Nota: 7.5/10

Review por Fernando Ferreira