Sotz’ são um colectivo portuense apenas com um
EP, mas certamente um dos nomes que irá surpreender muitos na próxima edição do
festival Laurus Nobilis. EM jeito de preparação para o festival, deixaram
algumas palavras à Metal Imperium
Como
é isso de uma banda nacional inspirar-se na civilização Maia para nome e EP?
Jisus –
Bem, este projecto nasceu inicialmente sem o intuito de se tornar uma banda
propriamente dita. Nasceu comigo, como projecto caseiro, devido ao meu fascínio
pela cultura e toda a mitologia da civilização Maia. Com o passar dos anos, o
Pedro convenceu-me a seguirmos com este trabalho para a frente, mas sempre com
a intenção de continuar com a mesma temática. Felizmente, todos os nossos Sotz’
brothers apoiaram e acreditaram neste conceito e assim continuaremos.
O nome do EP «Tzak’ Sotz’», que significa “evocar o espírito do morcego”
na língua indígena, surge numa tentativa de nos aproximarmos daquilo que
procuramos. Este é, talvez, o tema que mais nos identifica nesse aspecto, desde
a parte lírica até à composição dos restantes instrumentos.
Entre formação e estreia ao vivo, demoraram
um bocado, e depois disso, ainda dois anos para o EP. O que se passou?
Dan –
Até conseguirmos uma formação estável tivemos que passar pela rotina do
costume, de composição das músicas, estruturação das mesmas e, o mais importante,
chegar a ter certeza absoluta que o projecto era aquilo que realmente
procurávamos, de forma a termos a motivação necessária para seguir em frente e
pisar os palcos. Entretanto o EP em si, tendo sido este o nosso primeiro
contacto com um estúdio profissional, a Raising Legends Records, teve que levar
umas valentes provas a fogo a nível de definição do som que pretendíamos. A
meio da produção deste trabalho, perdemos um elemento, na bateria, o que
obrigou a fazer uma pequena “pausa” de forma a encontrar alguém que o
substituísse. Surgiu a ideia de convidarmos o nosso irmão Afonso Ribeiro para
assumir a bateria em estúdio e nos ajudar a lançar este trabalho! Apesar de
todo o tempo que se passou, felizmente podemos dizer que estamos muito
satisfeitos com este EP, especialmente como a forma que todos têm reagido com o
mesmo!
Este EP é conceptual? Expliquem um pouco o
que está por trás dele.
Dan –
Neste EP existe uma atmosfera enigmática do que conhecemos sobre a história de
uma das mais avançadas civilizações até hoje conhecidas. Uma história que por
muito violenta que fosse, tem muito em comum com a nossa história! As letras
foram desenvolvidas com o estudo de textos sobre a criação do império, criação
das religiões e crenças, da sua visão apocalíptica de um fim, que por mais
incrível que pareça, eles previram mesmo.
Jisus – Sim, foi feita uma aproximação nesse contexto. Não
só na parte lírica, mas também no seu artwork desenvolvido pelo nosso amigo
Hugo “Saix” Barbieri. De forma a conseguirmos uma imagem coerente entre os
temas e o lado visual, decidimos utilizar como base uma fotografia de um “Bloodletting
Ritual”, uma peça arqueológica presente no Denver Museum of Nature &
Science nos USA e que nos foi gentilmente fornecida por eles. Acho que fomos felizes
neste aspecto e será algo que iremos desenvolver novamente nos trabalhos
futuros.
O Laurus é mais uma etapa de uma digressão
que tem tido bastantes datas nacionais. Como tem corrido? Podemos esperar algo
de diferente no Laurus?
Dan –
Não gosto de chamar isso de digressão, tendo em conta o facto que não somos
músicos profissionais que recebem pagamentos fixos pela actuação e as mesmas
datas tem grandes intervalos, mas como experiência para uma pequena banda é o
mais próximo disso. Tem corrido relativamente bem, com seus altos e baixos,
algumas datas tiveram que ser canceladas ou adiadas para outra altura, por
várias razões. Mas as datas que temos tido, correram bem, com público que ficou
impressionado pela actuação. Ficamos muito felizes por termos conquistado a
consideração de vários admiradores de música extrema. O Laurus Nobilis Music
Fest em Famalicão é uma data muito especial para nós, pois vamos partilhar o
palco com vários amigos e bandas que nós admiramos e temos como exemplo. Todos
os concertos têm sido diferentes e especiais de uma certa forma, faz parte da
tradição da banda trazer algo diferente para cada concerto, seja na música ou
no ambiente geral da actuação. Podem esperar por uma carga diferente de
adrenalina nesta actuação, afinal este converto vai ter que ser especial não só
para nós, mas também para as pessoas que nos vão ver.
Jisus –
Realmente os concertos têm corrido bem e a forma como o público tem aderido e
nos tem apoiado deixa-nos de coração cheio. E é sempre bom para nós revermos
amigos que estão lá para nos apoiar. Em relação ao Laurus Nobilis pouco posso
acrescentar ao que o Dan disse. É uma data muito especial porque será o nosso
primeiro festival, tanto da banda como dos músicos. Estamos em pulgas e muito
motivados para dia 27 de Julho!
Como está a situação da bateria? Ainda com
baterista de sessão ou já possuem alguém definitivo?
Dan – Neste
momento ainda não temos um baterista fixo. Temporariamente continuamos com
baterista de sessão. Mas a procura continua, apenas estamos a ver se neste
mundo existe uma pessoa suficientemente brava para assumir o cargo. Não é fácil
ser baterista, exige-se uma grande paixão pela música, vontade, aptidão e
disponibilidade para trabalhar connosco. Procuramos uma pessoa que possa trazer
algo diferente e que possua “feeling”, que possa tornar a música especial de
uma certa forma. Aviso para todos os bateristas que se consideram máquinas de
guerra: O lugar ainda está vago!
Jisus –
Não é uma situação fácil mas é a solução ideal nesta altura. Não queremos que
este projecto pare, então temos de ser concretos e objectivos. Por um lado, tem
sido uma experiência fantástica, eu acho. Estamos a trabalhar com músicos com
visões diferentes! Estes inputs são importantes para nós, visto que a nossa
intenção é sermos melhores e melhores e melhores! E para dia 27 de Julho será o
grande Luís Moreira o responsável na bateria. E como todos nós sabemos, vai
espalhar a sua magia e maestria na bateria!!!
A estrada está a dar a pica necessária para
compor e rapidamente gravar o álbum? Já podem adiantar algo?
Jisus –
Sim, sem dúvida que está a motivar-nos imenso! Mas em relação à composição, ela
nunca pára! Nós estamos em constante processo de composição e a qualquer
momento poderemos entrar novamente em estúdio. Esta é uma das filosofias de
Sotz’. Esta é uma das fases que maior gosto nos dá na verdade. Temos imensos
temas compostos, alguns deles até já os tocamos ao vivo, como a «Kinich Ahau,
Baak’», «Architecture of Madness» e «A New Age». Mas datas do álbum... Datas do
álbum não podemos adiantar porque ainda não definimos metas nesse aspecto, mas
que temos de vontade de voltar a estúdio, sim temos! Muita!
Dan –
Brevemente iremos mostrar o que se pode esperar do álbum e tenho a certeza
absoluta que irá superar as expectativas de todos, até a nós, espero eu!
Entrevista por Emanuel Ferreira