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Reportagem: The Dead Daisies e Ibéria @ Lisboa ao Vivo, Lisboa - 04/12/2018



Quando um concerto acaba com uma monumental versão de "Highway Star" dos míticos Deep Purple, é sinal que estivemos a assistir a uma celebração rock muito especial. E foi exactamente isso que aconteceu no passado dia 4 de Dezembro, na sala lisboeta do Lisboa ao Vivo, a Xabregas.

Depois de terem aberto o concerto de Scorpions o ano passado, no evento que se designou por Legends of Rock, os The Dead Daisies regressaram a Portugal para apresentar o seu mais recente disco, "Burn it Down, e mais uma vez cimentar a sua posição cimeira no mundo das bandas formadas pelos melhores músicos de estúdio que por aí andam.

A tarde iniciou-se com um Meet & Greet com a banda para os primeiros 40 fãs a chegar ao LAV, acompanhado por um mini-concerto acústico exclusivo, certamente um excelente aperitivo para o que se iria seguir. E o que se seguiu foi a celebração do bom velho rock'n'roll, a que muito contribuiu a primeira parte realizada pelos portugueses Ibéria. Passavam já largos minutos das combinadas 20h30 quando a banda da Baixa da Banheira se apresentou em palco, extremamente feliz por poder fazer parte deste evento. "Memoirs" logo seguido de “Sanctuary of Dreams” deram o mote a mais uma actuação sem mácula do quinteto nacional (desta feita reforçado com um teclista), que continua a demonstrar que o rock'n'roll continua bem vivo nas veias de João Sérgio e companhia. Destaque para “All Night Flying” e “End of Days”, com Hugo Soares novamente muito forte no microfone e a relembrar os frontman das bandas do antigamente, e o trabalho de Jorge Sousa na guitarra solo, cuja intro de "Angel", faixa que encerrou o alinhamento da noite, deixou a plateia de olhos colados no seu virtuosismo. Para o encore, duas faixas míticas da carreira dos Ibéria, “Unfaithful Guitars” e a mítica “Hollywood”, em jeito de celebração dos 30 anos da edição do disco homónimo de estreia, 24 horas antes. Excelente prestação que também não passou despercebida aos músicos dos The Dead Daisies, alguns deles a assistir ao concerto.

Chegara então a hora de ver e ouvir a banda da noite, o conjunto de personalidades reunidas pelo guitarrista e milionário David Lowy. E ao longo da carreira da banda, já tocaram com o australiano gente ilustre como Richard Fortus (Guns N’ Roses), Darryl Jones (The Rolling Stones), Dizzy Reed (Guns N’ Roses), Charley Drayton (The Cult), John Tempesta (The Cult), Brian Tichy (Whitesnake), Frank Ferrer (Guns N’ Roses), Alex Carapetis (Nine Inch Nails), etc.. Para esta digressão, o projeto inclui, para além do guitarrista e patrão David Lowy, John Corabi (voz), Marco Mendoza (baixo), Doug Aldrich (guitarra) e Deen Castronovo (bateria).

"Midnight Moses” iniciou duas horas repletas de puro rock, com os Daisies a oscilar constantemente entre temas próprios e versões de grandes bandas "que tínhamos na parede do quarto em posters e sonhávamos um dia conseguir ser parecido", como confidenciou Corabi lá para o meio do concerto.“Make Some Noise” e “Rise Up” foram extremamente bem recebidos pela plateia muito bem composta, e que ajudou sempre Corabi quando solicitada a participar, como por exemplo em “Dead and Gone”. “Ressurrected”, tema que abre o álbum “Burn It Down”, foi também oportunamente usado pelo vocalista que gravou o disco "Motley Crue" em 1994, substituindo na altura Vince Neil, para criticar todos aqueles que achavam que estava acabado.

“Last Time I Saw The Sun”, e a cover “Join Together” dos The Who anteciparam uma travagem na vertigem musical, com o quinteto a fazer uma pausa de poucos minutos para preparar um set acústico. “Set Me Free”, retirado do novo trabalho, foi tocado num momento muito intimista com a plateia, mas foram as duas versões seguintes que trouxeram ao Lisboa Ao Vivo a nostalgia do início do rock'n'roll, com “Maggie May” de Rod Stewart cantada pelo baterista Deen Castronovo e “Let It Be” dos The Beatles.

Mas a electricidade não demorou muito a regressar ao palco, com “Burn It Down”, “All The Same” e “With You And I”, seguidas por uma apresentação da banda muito sui generis, com cada um deles a escolher um riff de uma das suas músicas preferidas, clássicos intemporais do rock, que teria de ser cantada a plenos pulmões por toda a plateia. Assim, passou pelo palco “Highway to Hell”, “Long Live Rock’n’Roll”, “Schools Out”, “I Love Rock’n’Roll” e “It’s Only Rock’n’Roll (But I Like It)”. Brutal!!!

A prestação dos norte-americanos seguiu com “Leave Me Alone”, “Bitch”, a já tradicional versão dos Rolling Stones, “Song And A Prayer”, e “Long Way To Go”, com o encerramento ao som do fabuloso “Helter Skelter”, dos Beatles. Poucos minutos separaram o final do concerto do início do encore, com o guitarrista Doug Aldrich a reiterar a promessa anteriormente feita por Corabi de regressar a terras lusas, antes de arrancarem para "Mexico" e despedirem-se de Lisboa com a já referida versão de “Highway Star” dos Deep Purple, numa apoteose que mereceu largos minutos de palmas para os cinco magníficos.


Texto por Vasco Rodrigues
Fotografias por Hugo Rebelo