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Esoteric - “A Pyrrhic Existence” Review


Já fazia algum tempo que os Esoteric não lançavam música nova. Oito anos desde “Paragon of Dissonance”, a cena Funeral Doom foi brindada com excelentes lançamentos de outros grandes nomes como os Ahab e Mournful Congregation e viu bandas promissoras a abrirem as asas como os Convocation, os Usnea ou os nossos Bosque, mas os Esoteric, com excepção dos excelentes concertos que iam dando, estavam silenciosos.

“A Pyrrhic Existence” celebra o regresso da banda britânica aos seus longos álbuns duplos: seis temas e quase duas horas de música não será de espantar para quem acompanha a banda e são duas horas em que estes titâs do Doom mostram que não ficaram enferrujados.

No entanto, apesar da própria banda ter afirmado que o disco continuaria a seguir a natureza progressiva dos álbuns anteriores, “A Pyrrhic Existence” não partilha dos inebriantes riffs de “Paragon Of Dissonance” nem dos subtis e épicos crescendos de “The Maniacal Vale”; ao invés disso, revela-se como um álbum mais sombrio e muito mais cru que estes lançamentos, como é logo apresentado em “Descent.” Por outro lado, os britânicos desde os seus primórdios no início dos anos 90, que incorporam fortemente experimentalismo e progressão no seu trabalho e este novo álbum não foge à regra. Como sempre, as passagens harmoniosas e contemplativas continuam a estar presentes nos temas, muitas vezes na introdução dos mesmos, e as guitarras continuam a agraciar e a hipnotizar, se bem que não aos sublimes extremos do álbum anterior. Também a voz de Chandler continua a alternar entre os guturais cavernosos e os gritos desesperantes; o que significa que a banda continua sem se desviar do caminho sónico que tem composto durante os seus vinte e sete anos de existência e este álbum honra o catálogo de excelência que os Esoteric habituaram aos fãs. A lentidão esmagadora, as virtuosas melodias e o experimentalismo sem compromisso estão bem marcados neste disco e nas negras viagens que ele proporciona ao ouvinte desde a corrosão de “Descent”, da inquietude de “Rotting In Dereliction”, a qual tem, juntamente com a elegante “Consuming Lies”, uns momentos bastante acelerados que vão apanhar de surpresa muita gente; até ao final com a complexidade e vastidão de “Culmination” e o fecho do disco com uma “Sick And Tired” que faz recordar os tempos de “Subconscious Dissolution Into The Continuum.”

Talvez seja o disco mais negro e agreste que os Esoteric compuseram até agora, mas, assim como todos os seis álbuns que o antecederam é um disco de música extrema, no sentido literal da palavra, que mostra um cuidado muito grande na produção e na composição e que cada segundo destes longos temas foi bem pensado para não deixar que o ouvinte consiga escapar do abismo que são os Esoteric.

Nota: 9/10

Review por Tiago Neves