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Besta - "Eterno Rancor" Review


Foi criada alguma expetativa em torno deste novo álbum dos Besta, muito por culpa deles próprios, diga-se. O sucesso alcançado por “Filhos do Grind”, que os levou a uma digressão pelo Brasil e sucessivamente a um novo álbum, este gravado ao vivo em São Paulo, conduziu a isso mesmo, uma fasquia colocada bem alta. Os seus concertos também contribuíram para esse resultado. Quem já teve oportunidade de assistir a um concerto dos Besta, pode confirmar que a sua atitude se distancia fortemente de qualquer outra banda e, mesmo que não se seja apreciador deste estilo de música mais violento, é dificil ficar indiferente à postura dos seus elementos em palco.

 “Eterno Rancor”, foi o nome escolhido para título deste novo trabalho e, logo por aí se vê que estes rapazes continuam zangados com algo. O que é perfeito, pois não me ocorre nenhum estilo musical melhor do que o grindcore, o mesmo que eles praticam, para descarregar toda essa raiva.

Em “Eterno Rancor” os Besta continuam a criticar a sociedade em que todos nós estamos inseridos, como eles sabem e gostam de fazer. Os nomes dos temas deste álbum ilustram bem o seu estado de espírito:” Sincronismo do Mal”; “Oficio da Mentira” e “Sopro do Tirano” são apenas alguns dos dezasseis temas que compõem este álbum. Pouco mais de vinte minutos, mas que são uma autêntica descarga de energia que nos é dada através de músicas que, sendo curtas em termos de tempo, têm capacidade de incorporar e levar até nós toda essa força.

Constituídos por elementos que, na sua maioria, têm já larga experiência musical ao serviço de bandas como os Sinistro, Redemptus e We Are the Damned, é neste projeto que encontram um espaço onde podem descarregar toda a sua ira de forma violenta, rápida e direta. Ainda que aqui e ali, num ou noutro tema, possamos assistir a um ligeiro abrandamento de ritmo, ele é sol de pouca dura e não permite que nos habituemos, pois simplesmente não há tempo para isso e logo o ritmo é recuperado através de uma bateria rapidíssima e uma guitarra e um baixo que a seguem fielmente. Se a tudo isto juntarmos a voz de Paulo, que nos grita em todos os temas a plenos pulmões, como se disso dependesse a sua vida, temos reunidos todos os condimentos necessários para um bom álbum de grindcore.

Este novo registo, que termina com “The Regulator”, uma cover dos Dead Brains, é um álbum poderoso, digno destes lisboetas e que não foge àquilo a que já nos têm habituado. Com este trabalho ficamos com a certeza de que esta Besta continua desperta, atenta e não será certamente domada.

Nota: 8/10

Review por António Rodrigues