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The Outsider - "From Ancient Gods And Forbidden Books" Review


“Primeiro estranha-se, depois entranha-se." - Diria que o slogan criado por Fernando Pessoa para a marca Coca-Cola se pode aplicar na perfeição ao novo álbum escrito e composto pelo multi-instrumentista "The Outsider".

"From Ancient Gods And Forbidden Books" é rico em músicas únicas, que surpreendem pelas diferentes dinâmicas, por momentos sinfónicos clássicos e modernos, ou por peculiares pormenores de musicalidade experimental, sendo "Nine Worlds Down" um exemplo de tudo isso.

A esse tema sucede-se "The Headless Horror", o primeiro single apresentado, que inclui a tecnologia de áudio "8D" dando a sensação de ouvir guturais borbulharem num pântano existente dentro da nossa cabeça. Este tema conta com a participação do vocalista dos Atheist, Kelly Shaefer, reforçando a importância da presença de cada convidado no enriquecimento do álbum.

É logo desde início que o álbum demonstra a sua respetiva ambição, primeiramente com um tema bastante sinfónico quase a lembrar bandas como Septicflesh ou Fleshgod Apocalypse, seguido por "Bringers Of The Apocalypse" que conta com a - excelente - participação do guitarrista dos Therion, Kristian Niemann, e por "Primordial Abyssal Chaos" com o cantor Rick Loera, também ele responsável pela mistura e masterização.

A meio do álbum surge-nos "918", um breve tema mais ambiental que poderia pertencer à banda sonora de um filme de David Lynch, ao qual "Suicide Is Progress Master" dá continuidade, com a participação de Jørgen Munkeby (Shining). Esta é já uma faixa mais longa e dinâmica bem ao estilo da musicalidade experimental presente no álbum "Dark Side Of The Spoon" dos Ministry, dadas as influências Jazz do músico norueguês. E quando que depois deste estranho e atmosférico momento se sucede num breve crescendo "Beautiful", um tema de Dark-Black sinfónico, longo, rápido e emocional, arrepios atravessam-nos todo o corpo! Um final épico, se o álbum terminasse neste momento... (O que não deixa de acontecer depois...).

O álbum encerra com uma trilogia de faixas designada por "Across The Black Sea": uma introdução que nos poderá relembrar o início do álbum, mas que na verdade nos transporta para o seu final; "Lost", um longo tema obscuro e atmosférico com momentos pesados mesclados com uma temática de horror e condenação presente na narração (letra) e na impressionante "orquestração sinfónica"; terminando definitivamente com a faixa conclusiva "The Divine Punishment".

Apesar de se notarem eventuais desiquilíbrios entre certas sonoridades, por exemplo entre a parte sinfónica e o restante instrumental ou a voz, em certos momentos, a originalidade das composições muito bem pensadas e interligadas fazem de "From Ancient Gods And Forbidden Books" um álbum interessantíssimo, inovador e criativo, que mesmo não tendo uma produção "mainstream", não deixa de ser merecedor de algum destaque a nível nacional e internacional, ou, no mínimo, de uma atenta e respeitada apreciação por parte de quem o ouvir.

Nota: 8.4/10

Review por Tiago Sousa