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Max Cavalera detalha "podridão" que o levou a sair dos Sepultura

Após o lançamento do disco “Roots”, há 25 anos, o vocalista e guitarrista dos Sepultura, Max Cavalera, inesperadamente, decidiu deixar a banda e seguir novos caminhos na música.

Numa entrevista à rádio Heavy 1 / Hard Force Radio, explicou detalhadamente a sua saída dos Sepultura, que, segundo conta, estavam “podres por dentro”. Falando do ciclo “Roots”, Cavalera disse: "É marcado pela glória e pela tragédia. Ao mesmo tempo que estás a comemorar esse grande álbum, há uma grande tragédia bem no meio da coisa, que é a morte de Dana (Wells, seu enteado que morreu em 1996). É amargo. Acho que nunca, realmente, gostei totalmente do que o “Roots” trouxe por causa disso. Foi cortado pela metade, por causa disso. Mas é a vida."

Embora boatos dissessem que teria sido a morte do enteado a causa do abandono da banda, Cavalera confessa que os problemas começaram muito antes. "A situação na banda estava a piorar mesmo antes disso. Uma das principais razões para isso - muita gente não conhece a história - estávamos na Inglaterra, prontos para fazer Donington com Ozzy. Recebemos a notícia de que Dana havia morrido. A minha esposa estava em total desespero. Eu sou o marido dela; eu tenho que confortá-la. Então eu voei de volta para a América para ficar com ela. Descobri, mais tarde, que a esposa de Andreas (Kisser) tentou mover o corpo, tentou roubar o corpo de Dana e tentou enterrá-lo bem rápido para que pudéssemos voltar em tour."

Confuso, questionando-se se estaria a fazer música com as pessoas certas, confessou que o modo como lidaram com a morte de Dana, apesar de não ter sido o motivo que o levou a deixar a banda, contribuiu para a rutura. “Aí piorou porque, eventualmente, eles uniram-se, inclusive o meu irmão - não posso tirá-lo daquela coisa; ele fazia parte - foi como um motim. Os três contra mim e contra a Gloria. Então eles não falavam com ela. Aquela última tour europeia foi pura miséria; foi miserável. Claro, não apareceu na música; a música era ótima e os espetáculos foram ótimos. Mas as outras 23 horas do dia foram uma merda de miséria - tentar lidar com isso."

Cavalera esclareceu ainda que, contrariamente ao que foi dito, Gloria, a sua esposa, não foi demitida da equipa dos Sepultura. Segundo o cantor, o contrato estaria a terminar e Gloria optou por não o renovar, o que em nada esteve relacionado com a sua saída do grupo. “Eles tinham ideias diferentes. Uma das ideias principais era substituir Gloria e muitos da nossa equipa e pessoas por pessoas muito 'profissionais' e grandes. Para mim, isso parece uma coisa fodida de se fazer. As pessoas que te ajudam a chegar a isso foram essas pessoas, e agora que és grande e bem-sucedido, agora podes contratar qualquer pessoa", diz Cavalera. “Tu ficas tipo, Tudo bem. Foda-se. Tu acabaste. A tua merda acabou. Vamos sair com essas pessoas de sucesso. Não concordei com isso, porque acho que tudo estava a ir bem. Estávamos a atuar em todos os grandes festivais."

Em reflexão, admite que tudo poderia ter terminado de uma forma diferente, caso tivessem sabido pressionar o botão de pausa, ainda que, provavelmente, nada pudesse evitar a separação.

Atualmente, membro das bandas Soulfly, Killer Be Killed, Cavalera Conspiracy, que conta com a participação do seu irmão, e a mais recente, que formou com o seu filho Igor Amadeus Cavalera, Max Cavalera é de opinião de que, no final, tudo deu certo.

Por: Mafalda Torrinha - 11 março 21